Direitos da Pessoa Humana

300 pessoas são ameaçadas por denunciar exploração sexual

A Comissão Especial Abaetetuba, do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) da Presidência da República, se reuniu hoje, 6, em reunião extraordinária, para ouvir os bispos Dom Luiz Azcona, Dom Flávio Giovanele e Dom Erwin Krautler, e o padre José Amaro Lopes de Souza, ameaçados de morte após terem denunciado casos de tráfico de mulheres e de crianças do estado do Pará para fins de exploração sexual.

O bispo da Diocese da Ilha de Marajó (PA), dom José Luiz Azcona, informou que trezentas pessoas que vivem no interior do estado do Pará estão sendo ameaçadas de morte, por terem denunciado casos de tráfico de seres humanos, exploração sexual de crianças e adolescentes e pedofilia.

Dom Azcona afirmou que o governo do Pará, apesar de ter conhecimento do número, ainda não tomou providências para reduzir os casos. “Não me preocupa tanto a minha segurança pessoal. Se existem 300 homens e mulheres marcados para morrer, isso indica uma sociedade doente, pobre e moribunda”, criticou.

Segundo o bispo, dos 300 ameaçados de morte, apenas 100 estão sob proteção do governo federal. “Tem que ter uma mudança de mentalidade, uma conversão. É preciso olhar para a Amazônia como a Amazônia é, não com os olhos de Brasília.”

O bispo disse ainda que há conivência de autoridades locais em casos de “prostituição, tráfico e consumo de drogas e uso de bebidas alcoólicas entre os jovens”.

Na reunião, Dom Giovenale disse que há dois meses encaminhou as denúncias à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, mas que ainda não recebeu retorno do governo federal. "Pelo menos uma satisfação, até para nos animar, seria interessante." Para ele, a reunião com o CDDPH representa uma possibilidade de se avançar para reduzir o problema.

Ele destacou que as ameaças de morte provocam insegurança. "As ameaças não nos deixam ficar tranqüilo. Tivemos casos como o da irmã Dorothy Stang em que não houve respeito à idade dela, nem pela situação em que se encontrava", disse o bispo, referindo-se ao assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, no município de Anapu (PA).

O bispo da Diocese de Abaetetuba (PA), dom Flávio Giovenale, disse, ontem (5), que as denúncias de tráfico de seres humanos, pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes do interior do estado retratam uma situação que não deve ser resolvida facilmente.

"Temos problemas que seria ingenuidade pensar que se resolvem facilmente. Alguns foram se acumulando durante anos e não é possível resolver de repente", disse o religioso, que participa de reunião extraordinária do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH).

Hoje, às 14 horas foi dado início a uma audiência pública sobre o tráfico de mulheres e crianças para exploração sexual na Amazônia e sobre a situação dos religiosos ameaçados de morte por combatê-lo.

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