Artigo - Doutrina Social

23ª edição do Grito dos Excluídos acontece no feriado da Pátria

Em mensagem, CNBB sugeriu um Dia de Oração e Jejum para acompanhar reflexões desta edição do Grito dos Excluídos

Padre Antônio Aparecido Alves*

Cartaz de divulgação do 27º Grito dos Excluídos / Fonte: CNBB

Grito dos Excluídos

No feriado da Independência acontece o Grito dos Excluídos, um evento nacional que nasceu por ocasião da 2ª Semana Social Brasileira, realizada em 1994, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”, em consonância com a Campanha da Fraternidade de 1995 sobre os excluídos, que teve como lema “Eras tu, Senhor?!”.

A expressão “exclusão social” apareceu na década de 1970 e ganhou força nos anos 1980 e 1990, sendo paulatinamente substituída por “massa sobrante”, mas significando fundamentalmente o mesmo, isto é, pessoas que são colocadas à margem e se tornam invisíveis socialmente. É o grito dessas pessoas que sobe aos céus, como o foi o dos hebreus escravos no Egito (Ex 3,7).

Nenhum direito a menos

Desde o dia 1º de setembro as Dioceses e comunidades que realizam a Semana Social promoveram diversas iniciativas para refletir o tema deste 23º Grito dos Excluídos: “Vida em primeiro lugar” e o lema “Por direitos e democracia, a luta é todo dia”.

A CNBB, em sua Mensagem para este evento, encoraja as comunidades a se engajarem neste dia, uma vez que ultimamente decisões importantes que afetam a vida de milhares de brasileiros têm sido tomadas sem o devido diálogo com a sociedade civil organizada, como as reformas Trabalhista, da Previdência e Política.

Historicamente o povo é sempre excluído nas decisões importantes do País. Isto está evidenciado no quadro de Pedro Américo, sobre a independência do Brasil, no qual um carreiro que tange seu carro de bois assiste atônito o que está acontecendo às margens do riacho do Ipiranga, no dia do grito da independência.

Por isto, esta edição do Grito dos Excluídos convida a população a gritar por cidadania, dignidade, soberania popular e a exigir um modelo de Estado que garanta os direitos básicos da população, bem como a não retirar os direitos dos trabalhadores duramente conquistados. Ademais, é preciso denunciar os interesses espúrios de uma minoria, que sempre usufruiu das estruturas políticas para garantir suas benesses.

A manifestação pacífica

Nem é preciso dizer o quanto este dia é importante para a Doutrina Social da Igreja, uma  vez que populariza temas que pertencem ao seu rico patrimônio. Em geral os fiéis não têm consciência da importância de sua participação sociopolítica e acabam se esquivando disto ou até mesmo desqualificando movimentos sociais e manifestações por causa de baderneiros que se infiltram e atrapalham o movimento.

É preciso salientar que o Grito está carregado de profecia, onde se anuncia o projeto de  Deus e ao mesmo tempo se denuncia tudo o que atenta contra ele. Embora organizado  pela Igreja Católica, ele é um espaço aberto para todas as pessoas de boa vontade, pertencentes a outras igrejas e movimentos sociais, mas que como nós desejam que justiça e paz se abracem (Sl 85,11).

É importante neste dia a participação dos fiéis nos eventos que forem propostos nas Dioceses e comunidades, para que haja visibilidade do movimento. De forma surpreendente, a CNBB propôs para este Grito um Dia de Jejum e Oração pelo Brasil, para que acompanhasse as reflexões e manifestações que fossem feitas. É o que podemos fazer, como pessoas de fé e como cidadãos. Afinal, como alertou Jesus aos seus discípulos, certa casta de demônios só é vencida através disto (Mt 17,21).

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*Padre Antonio Aparecido Alves é Mestre em Ciências Sociais com especialização em Doutrina Social da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Teologia pela PUC-Rio. Professor na Faculdade Católica de São José dos Campos e Pároco na Paróquia São Benedito do Alto da Ponte em São José dos Campos (SP). Para conhecer mais sobre Doutrina Social visite o Blog: www.caminhosevidas.com.br

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