Neste domingo, 21, a Igreja celebra o Dia Mundial das Missões. Para a ocasião, o Papa Bento XVI escreveu uma mensagem enfatizando três acontecimentos que conferem à data um significado especial: a recordação dos 50 anos do Concílio Vaticano II, a abertura do Ano da Fé e o Sínodo dos Bispos.
Segundo o Papa, estes três acontecimentos ajudam a reafirmar a vontade da Igreja de se empenhar com mais ardor na missão ad gentes, ou seja, além fronteira. O objetivo desta ação missionária é fazer com que o Evangelho chegue a todos os lugares da terra.
“Naturalmente, é um momento muito bonito da Igreja, muito festivo e esperançoso a gente recordar exatamente no mês missionário deste ano os 50 anos do Concílio Vaticano II, que na época trouxe tanto vento de esperança, tanta novidade. Muito dessa renovação ainda está acontecendo”, disse o presidente da Comissão Episcopal para a Ação Missionária da CNBB, Dom Sérgio Braschi.
E na mensagem para o Dia Mundial das Missões 2012, Bento XVI lembrou que o Concílio foi um empenho luminoso para a Igreja, reunindo Padres Conciliares de várias partes do mundo.
“Ricos em experiências derivadas por serem Pastores de Igrejas jovens e em caminho de formação, animados pela missão pela difusão do Reino de Deus, esses contribuíram de maneira relevante na reafirmação da necessidade e urgência da evangelização ad gentes, e, assim, levar, ao centro da eclesiologia, a natureza missionária da Igreja”, escreveu o Papa na mensagem.
Para além das riquezas do Concílio Vaticano II, Dom Braschi destacou ainda que é uma necessidade transmitir a fé às novas gerações, o que, inclusive, está sendo discutido no Sínodo dos Bispos em Roma, que tem como tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
“A fé, que nós recebemos como grande herança, nós temos que transmitir para as gerações futuras e isso acontece através de novos métodos, novas expressões, novo ardor missionário e o Sínodo está em Roma neste mês, estudando juntamente com o Santo Padre esta realidade”.
Agentes evangelizadores
E engana-se quem pensa que a evangelização cabe somente ao clero. Conforme escreveu o Papa, o mandamento da pregação do Evangelho não se limita a um Pastor, ao envio de um sacerdote ou de um leigo.
“Esse (mandamento) deve envolver toda a atividade da Igreja particular, todos os seus setores, em suma, todo o seu ser e sua obra”.
Assim também enfatizou Dom Sérgio, que destacou a missionareidade como um aspecto natural da Igreja. “A Igreja toda, pela sua natureza, é missionária. Se a Igreja não tiver a dimensão da evangelização de ir transmitir àqueles povos que ainda não conhecem Cristo a fé que ela recebeu como tesouro, então ela não é Igreja. Ou a Igreja é missionária ou ela não é”.
Desafios
Como um dos desafios da ação missionária no mundo de hoje, Dom Sérgio elencou a questão cultural. “O grande desafio é a cultura atual, que é uma cultura urbana, de consumismo, secularizada, laicista que não abre muito campo para os grandes valores da família, da vida, que são os valores que o Evangelho defende”.
Mas mesmo sendo uma dificuldade para a evangelização e para a missão, Dom Braschi acredita que, por outro lado, esta realidade acaba sendo um motivo a mais para que a ação missionária se realize.
“Nós sabemos a riqueza que temos a comunicar e muitas vezes a realidade concreta, o mundo secularizado não percebe que está perdendo os valores fundamentais.”
Outra dificuldade citada pelo bispo é falta de vocações para a missão. Embora hoje haja muitos missionários de grande doação, tanto leigos, como sacerdotes e religiosos, para Dom Braschi o número ainda não é suficiente. “Em muitos lugares do mundo nós temos uma carência muito grande de agentes de evangelização”, finalizou.
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