No dia 11 de fevereiro próximo, os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) – a cruz e o ícone de Nossa Senhora – chegarão à cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. A Igreja local aproveitará a ocasião para celebrar a memória dos protomártires brasileiros que entregaram suas vidas no estado.
A cruz e o ícone de Nossa Senhora serão levados à Basílica dos Mártires, no bairro de Nazaré, e logo depois para São Gonçalo do Amarante, aonde se encontra a Comunidade do Uruaçu. Ali haverá uma caminhada luminosa e uma vigília dos jovens diante do Monumento dos Mártires.
Evento
Um grande show com mais de 20 artistas católicos vai marcar o começo da peregrinação dos Símbolos da JMJ em Natal. No dia 10 de fevereiro, na Arena Bote Fé, situada na Praia do Forte, vão se apresentar: Padre Zezinho, Padre Fábio de Melo, Padre Reginaldo Manzotti, Padre Antônio Maria, Cantores de Deus, Banda Rosa de Saron, Banda Dominus, entre outros.
O show é organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, da CNBB, pela arquidiocese de Natal e pela Sony Music. O ingresso promocional para o show, no valor de R$ 25,00, pode ser adquirido na Central Bote Fé, localizada no piso superior do Natal Shopping, diariamente, das 10 às 21 horas; ou na Catedral Metropolitana, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas. Moradores de outras cidades que desejarem adquirir o ingresso podem entrar em contato pelo telefone (84) 3615-2800.
Depois do Bote Fé, os jovens farão vigília no mesmo local e, a partir das 4h da madrugada do sábado, dia 11, iniciarão a peregrinação por vários pontos da capital potiguar, começando com missa na Catedral de Natal, às 6h, e prosseguindo até o Monumento dos Mártires, em Uruaçu, onde haverá nova vigília.
A peregrinação continua no domingo, dia 12, até o meio-dia, quando a Cruz e o Ícone serão enviados para a Diocese de Caicó.
Os mártires do Rio Grande do Norte
Em 16 de julho de 1645, festa de Nossa Senhora do Carmo, 70 fiéis participavam da Missa na capela de Nossa Senhora das Candeias, a 65 quilômetros de Natal. No momento da consagração, enquanto o padre André de Soreval elevava o hóstia consagrada para a adoração dos fiéis, as portas da igreja foram fechadas e iniciou-se um massacre promovido por soldados holandeses calvinistas e índios da etnia tapuia e potiguar, que terminou com a morte de todos os cristãos ali presentes.
Três meses depois, em 3 de outubro, nova chacina aconteceu. Mas desta vez no Engenho do Uruaçu, aonde estavam aprisionados 80 católicos. Ali, duzentos índios canibais e vários soldados holandeses se lançaram sobre os fiéis e os mataram com requintes de crueldade. Um dos cristãos exclamava: "Louvado Seja o Santíssimo Sacramento", enquanto tinha o coração arrancado pelas costas.
Ambos ataques foram comandados por Jacó Rabe, conhecido por seus saques e desmandos, feitos com a conivência dos holandeses, deixando um rastro de destruição por onde passava.
O saldo total de mortes foi de 150 vítimas, das quais 30 foram identificadas (dois sacerdotes e 28 leigos).
Beatificação
O Beato João Paulo II beatificou os 30 mártires no dia 5 de março de 2000. Na Missa de beatificação o Santo Padre fez um discurso direcionado ao Brasil: Hoje, uma vez mais, ressoam aquelas palavras de Cristo, evocadas no Evangelho: ‘Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma' (Mt 10, 28). O sangue de católicos indefesos, muitos deles anônimos crianças, velhos e famílias inteiras servirá de estímulo para fortalecer a fé das novas gerações de brasileiros, lembrando sobretudo o valor da família como autêntica e insubstituível formadora da fé e geradora de valores morais".
Monsenhor Francisco de Assis Pereira, Postulador da Causa de beatificação desses Mártires, afirmou que "a memória dos servos de Deus sacrificados em Cunhaú e Uruaçu, em 1645, permaneceu viva na alma do povo potiguar, que os venera como autênticos defensores da fé católica".