EUA

Obama anuncia retirada de 33 mil militares do Afeganistão até 2012

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quarta-feira, 22, um plano para dar início à retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, o primeiro passo para encerrar um conflito que começou há dez anos e que é cada vez mais impopular.

No discurso transmitido em rede nacional desde a Casa Branca, ele disse que irá retirar do país asiático 10 mil militares norte-americanos até o fim do ano e mais 23 mil até meados de 2012.

Após essa fase, mais tropas serão retiradas do Afeganistão em um ritmo constante, disse Obama, uma vez que os EUA, se esforçando para recuperar sua imagem internacional e reparar a economia interna, pretendem encerrar uma década de aventuras militares desencadeadas pelos atentados de 11 de setembro de 2001.

"Grandes desafios permanecem. Isso é o começo, mas não o fim, de nossos esforços para encerrar essa guerra", afirmou Obama. "Estados Unidos, é hora de focar a construção da nação aqui em casa."

O anúncio encerra semanas de especulações sobre o futuro da presença militar no Afeganistão, onde há 100 mil militares norte-americanos. Comandantes vinham alertando Obama a não fazer uma retirada exagerada, sob pena de reverter os avanços dos últimos meses contra a insurgência do Taliban.

Quase 10 anos após os ataques de 11 de setembro, que levaram ao início da guerra, forças dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) têm sido incapazes de dar um golpe decisivo contra o Taliban.

O governo afegão continua fraco e notoriamente corrupto, e bilhões de dólares em ajuda internacional têm produzido poucos resultados.

O plano de Obama foi anunciado uma semana depois que o general David Petraeus, que comanda as tropas dos EUA e da Otan no Afeganistão, apresentou várias opções de retirada de parte dos 100 mil soldados a partir de julho.

Mas a decisão do presidente foi uma opção mais agressiva do que as oferecidas por Petraeus e parece refletir as pressões que enfrenta para controlar os gastos do governo e estancar a perda de vidas norte-americanas sem pôr em risco as conquistas que seus comandantes dizem ter feito no sul do Afeganistão.

Julho marca o início oficial do período em que a Otan passará a responsabilidade da segurança às forças locais, de acordo com um plano para colocar os soldados afegãos no controle de todo o país até o fim de 2014.

Sérias dúvidas permanecem sobre se as forças afegãs, atormentadas por deserções e falta de instrução, estarão à altura da tarefa.

O ministro da Defesa dos EUA, Robert Gates, disse que apoia a decisão de Obama, mas que o plano provavelmente não agradará a cúpula do Pentágono, que teme que insurgentes podem reconquistar o território perdido, além de propiciar a intensificação do combate na fronteira do país com o Paquistão.

Obama também enfrenta pressão de parte do Congresso para uma retirada inicial de soldados ainda maior. Alguns parlamentares têm se mostrado impacientes com uma guerra que atualmente custa mais de 110 bilhões de dólares por ano.

Mesmo com o retorno para casa de 33 mil soldados, cerca de 70 mil permanecerão no Afeganistão no segundo semestre de 2012, mais do que havia lá quando Obama assumiu a Presidência.

Em Washington, o debate mudou palpavelmente desde que as forças especiais dos EUA mataram o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, no Paquistão, no mês passado, o que mostrou, segundo Obama, que o grupo estava "sob enorme tensão".

A morte de Bin Laden deu aos críticos de ambos os partidos – Democrata e Republicano – munição para argumentar que o governo de Obama deve estreitar as metas dos EUA no empobrecido Afeganistão, focando nos paraísos sem lei que os insurgentes poderão usar para lançar ataques.

"Não tentaremos transformar o Afeganistão em um lugar perfeito. Não vamos policiar suas ruas ou patrulhar suas montanhas indefinidamente", afirmou. "É responsabilidade do governo afegão."

A retirada do Afeganistão ressalta a mudança do governo Obama em direção a um foco mais explícito sobre o Paquistão, um país com armas nucleares onde um governo fraco e militares poderosos são vistos com suspeita por Washington.

Obama fez uma ameaça ao Paquistão, dizendo que os EUA não hesitariam em lançar ataques unilaterais contra militantes que têm como alvo os norte-americanos.

 

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