O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas recomendou por unanimidade nesta sexta-feira, 17, que o secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, seja eleito para um segundo mandato a partir de janeiro de 2012.
A Assembleia Geral da ONU, composta por 192 países, pretende reeleger oficialmente o ex-ministro sul-coreano de Relações Exteriores ao mais alto cargo da ONU na terça-feira, segundo diplomatas.
"O Conselho de Segurança… recomenda à Assembleia Geral que o senhor Ban Ki-moon seja nomeado secretário-geral da Organização das Nações Unidas para um segundo mandato entre 1o de janeiro de 2012 e 31 de dezembro de 2016", disse a resolução adotada por unanimidade pelos 15 membros do conselho.
A decisão do Conselho de Segurança foi adiada por um dia, porque um dos grupos regionais da ONU — a América Latina e o Caribe — discordava da reeleição de Ban.
Segundo diplomatas, o grupo ainda não tinha obtido consenso até a manhã desta sexta-feira, mas o Conselho de Segurança seguiu adiante mesmo assim com sua recomendação.
O endosso dos grupos regionais é considerado desejável, mas não é tecnicamente necessário.
A reeleição de Ban está praticamente garantida com a recomendação do conselho, que foi divulgada após um acordo entre os cinco membros permanentes a favor do sul-coreano. Não há outros candidatos concorrendo.
Em comunicado divulgado em Brasília, onde está em visita desde quinta-feira, Ban disse que estava "profundamente honrado" pelo apoio do conselho.
"Tenho orgulho de tudo o que fizemos juntos, mesmo sabendo dos desafios formidáveis que temos pela frente", disse.
Ban prometeu, numa entrevista coletiva posterior, que se for confirmado para um segundo mandato, vai ampliar a agenda do desenvolvimento sustentável, das mudanças climáticas, do desarmamento nuclear, do respeito às mulheres e da capacidade de ajuda humanitária da ONU.
"Isso precisa de apoio firme dos países-membros. O secretário-geral é apenas uma pessoa", disse.
De acordo com uma norma não escrita da ONU, há um rodízio entre as regiões do mundo para ocupar o cargo de secretário-geral, e o posto também não pode ser preenchido por nenhum dos cinco países permanentes do Conselho de Segurança — Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China.
É normal que a mesma pessoa permaneça como secretário-geral por dois mandatos seguidos de cinco anos, apesar de o egípcio Boutros Boutros-Ghali ter deixado o cargo após um único período, em 1996, depois que os EUA criticaram a atuação dele na guerra da Bósnia.
Diplomatas veem Ban como um trabalhador incansável ao redor do mundo, mas dizem que seu mandato até agora tem resultados inconsistentes em alguns temas.
As negociações globais negociadas pela ONU sobre as mudanças climáticas pouco avançaram, e o papel da organização em combater a pobreza mundial tem sido substituído pelo crescimento do G20.
Vários anos de mediação da ONU aos conflitos no Chipre e no Saara Ocidental tiveram poucos resultados por enquanto. Mas Ban obteve sucesso na Costa do Marfim este ano, com uma linha firme da ONU após as conturbadas eleições que resultaram na queda de Laurent Gbagbo, que tentou manter-se na Presidência mesmo após a confirmação da derrota nas urnas.
Ban também foi elogiado por ter declarado apoio aos movimentos pró-democracia da "Primavera Árabe" no Oriente Médio e norte da África, e por suas afirmações pessoais cobrando que líderes autocráticos da região não usassem a força contra manifestantes.
Analistas afirmam que Ban tem uma postura de não contrariar países importantes e — ao contrário de seus antecessores — tem sido particularmente cuidadoso com os desejos dos EUA, onde fica a sede da ONU, em Nova York. Tal comportamento levou a algumas críticas de governantes de esquerda, principalmente na América Latina.