Antonio Palocci deixou nesta terça-feira, 7, o cargo de ministro-chefe da Casa Civil após semanas de pressão e acusações sobre o aumento de seu patrimônio nos últimos quatro anos. A senadora petista Gleisi Hoffmann (PR) assumirá o cargo.
O nome de Gleisi, de 45 anos, não aparecia entre os nomes cotados para suceder Palocci. Eleita senadora pela primeira vez em 2010, ela deve trazer um perfil mais técnico para um dos ministérios mais importantes do governo.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que a decisão da presidente deixa claro que a Casa Civil não terá mais a atribuição da articulação política. "Ela será a Dilma da Dilma", afirmou.
"O ministro Antonio Palocci entregou, nesta tarde, carta à presidenta Dilma Rousseff solicitando o seu afastamento do governo", disse comunicado da Casa Civil.
"O ministro considera que a robusta manifestação do Procurador-Geral da República confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, bem como a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta", afirmou a nota.
Palocci vinha sofrendo pressão desde que foram divulgadas informações de que seu patrimônio aumentou 20 vezes entre 2006 e 2010. Na sexta-feira, em entrevistas, ele negou ter exercido tráfico de influência enquanto prestou consultorias por meio de sua empresa, a Projeto, mas negou-se a revelar a lista de clientes para os quais prestou serviços.
Ele entregou esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República, que na segunda-feira decidiu arquivar pedido de investigação contra o ministro.
"(Palocci) considera, entretanto, que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento", conclui a nota.
Em nota encaminhada pela Presidência, Dilma disse lamentar "a perda de tão importante colaborador" e "destacou a valiosa participação" de Palocci em seu governo.
Esta foi a segunda vez que Palocci renunciou a um cargo de ministro por ter seu nome envolvido em denúncias. Em 2006, quando era um dos nomes mais respeitados do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixou o posto de ministro da Fazenda ao ser relacionado a suspeitas de que estaria envolvido na quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.