O ex-comandante servo-bósnio Ratko Mladic usou o seu poder para cometer atrocidades que partiram uma nação ao meio e destruíram comunidades, e deve ser responsabilizado por isso, disse um promotor de crimes de guerra da Organização das Nações Unidas (ONU) na quarta-feira. 1º.
O promotor-chefe Serge Brammertz disse que Mladic, preso na Sérvia na quinta-feira, 26, e extraditado depois de 16 anos foragido, vai enfrentar acusações de genocídio no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia na sexta-feira, 3.
O militar de carreira de 69 anos foi classificado como o "carniceiro dos Bálcãs" pela sua campanha para conquistar mais territórios para os sérvios depois que a Bósnia, seguindo a Croácia, se separou da federação de seis repúblicas da Iugoslávia, que era controlada pelos sérvios, no início dos anos 1990.
Pelo menos 130 mil pessoas foram mortas em cinco anos de guerra. Mas nacionalistas sérvios acreditam que Mladic estava simplesmente defendendo a nação e não fez nada pior no campo de batalha do que os croatas ou os muçulmanos bósnios.
O escrivão do tribunal, John Hocking, falando a repórteres em Haia, refutou as declarações do advogado de Mladic e do filho do ex-general que disseram que ele estava desorientado e mentalmente incapaz de enfrentar a extradição.
Hocking disse que a transferência de Mladic para a unidade de detenção do tribunal foi "um processo muito simples, com bastante cooperação".
"Ele cooperou demais. Não fez comentários sobre as acusações contra ele. Ele perguntou muito sobre os procedimentos", disse Hocking. "Ele prestou bastante atenção nas informações que passamos. Tivemos uma boa comunicação."
Mladic foi indiciado 16 anos atrás pelo cerco de 43 meses à capital bósnia Sarajevo e pelo massacre de 8 mil homens e meninos muçulmanos em Srebrenica durante a guerra da Bósnia de 1992-95, o pior massacre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.