As discussões giraram em torno do tema dos desafios da fé e da liderança religiosa em uma sociedade secularizada. Os debates salientaram que, ao lado de muitos benefícios, o mundo contemporâneo trouxe um forte aumento do consumismo e de uma ideologia niilista que dá um foco exagerado para o bem-estar individual em detrimento do coletivo, o que desemboca em uma crise moral. "Nosso mundo moderno é substancialmente desprovido de um sentimento de pertença, significado e propósito", salienta um comunicado divulgado nesta sexta-feira, 1º.
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Nessa perspectiva, a fé e a liderança religiosa tem um papel crucial, providenciando esperança e guia moral que provém da consciência da Presença Divina e da Imagem Divina em todos os seres humanos. Ambas as tradições – católica e judaica – declaram a importância da oração para essa tomada de consciência, bem como que o estudo da Sagrada Escritura oferece inspiração essencial e direção para a vida.
O encontro ressalta que os fiéis são responsáveis por testemunhar a presença de Deus no mundo, concretamente através da educação, focada na juventude, bem como através de um engajamento efetivo nos media. Da mesma forma, instituições de caridade que se dediquem especialmente aos mais vulneráveis, doentes e marginalizados e o engajamento no desenrolar da vida na sociedade civil são meios por excelência desse engajamento.
Aspectos positivos
A sociedade secular, entendida em termos de um maior engajamento na sociedade em geral, também indica uma sociedade em que a religião pode florescer. Ao mesmo tempo, o foco sobre o indivíduo trouxe muitas bênçãos e levou a dar mais atenção ao tema dos direitos civis. "No entanto, para que esse foco seja sustentável, precisa ser fundamentada em um quadro antropológico e espiritual mais amplo, que leva em conta o 'bem comum', que encontra sua expressão no fundamento religioso dos deveres morais. A afirmação da sociedade sobre esses deveres humanos serve para fortalecer e consagrar os direitos humanos de seus constituintes", indica o texto conclusivo do encontro.
A Comissão Bilateral manifestou a esperança de que as questões pendentes nas negociações entre a Santa Sé e o Estado de Israel sejam resolvidas breve e que os acordos bilaterais sejam rapidamente ratificados para o benefício de ambas as comunidades.
"A delegação católica aproveitou a oportunidade para reiterar o ensinamento histórico da Declaração Nostra Aetate (No.4), do Concílio Vaticano II, a respeito do Pacto Divino com os judeus, que 'continuam ainda, por causa dos Patriarcas, a ser muito amados de Deus, cujos dons e vocação não conhecem arrependimento' (cf. Rm 11,28-29)"; e recordou a oração pela paz do Papa Bento XVI ao receber a Delegação Bilateral em Roma em 12 de março de 2009, citando o Salmo 125 'Como Jerusalém está toda cercada de montanhas, assim o Senhor envolve seu povo, agora e sempre'".