Índia e Paquistão concordaram em retomar negociações formais de paz que foram abandonadas pelo lado indiano depois dos atentados de 2008 em Mumbai, disseram autoridades paquistanesas nesta quinta-feira, 10.
Funcionários de alto escalão dos dois países vão realizar uma série de conversações sobre questões prioritárias antes de uma visita do ministro de Relações Exteriores do Paquistão à Índia, até julho, informou a chancelaria paquistanesa.
Os dois vizinhos, donos de arsenais nucleares, têm sido pressionados pelos Estados Unidos a reduzirem a tensão porque sua rivalidade afeta a situação no Afeganistão.
Uma fonte de alto escalão do governo indiano afirmou que a decisão de retomar o diálogo foi tomada pelos respectivos chanceleres durante uma conferência regional no Butão.
"Estou cautelosamente otimista com o diálogo. Cauteloso porque há muitas variáveis e incógnitas envolvidas", disse Amitabh Mattoo, professor de Relações Internacionais na Universidade Jawaharlal Nehru, na Índia.
Índia e Paquistão já travaram três guerras desde sua independência, em 1947, sendo duas delas pela posse da região da Caxemira. Negociações anteriores, iniciadas em 2004, naufragaram rapidamente devido à desconfiança mútua e a outros obstáculos políticos.
O processo de paz foi definitivamente abandonado pelo governo indiano depois do atentado de 2008 em Mumbai, cometido por militantes islâmicos do Paquistão, que deixou 166 mortos.
Depois disso houve algumas reuniões entre funcionários dos dois países, mas sem a retomada do chamado "diálogo composto", que pressupõe a conciliação em vários aspectos, inclusive a Caxemira.
"O novo diálogo é na prática a retomada formal do diálogo composto", disse à Reuters uma fonte indiana de alto escalão envolvida na tentativa de reaproximação com Islamabad.
"O que aconteceu em Thimphu (capital do Butão) é que ambos concordamos que há apoio para o processo", explicou a fonte, ressalvando que o nome "diálogo composto" não deve ser usado.
Fontes do governo indiano dizem que o processo será retomado em vários níveis ao longo dos próximos meses, culminando com uma reunião de chanceleres ainda neste ano.