As centrais sindicais aceitam discutir um reajuste menor do que os R$580,00 pretendidos para o salário mínimo em troca de correção da tabela do Imposto de Renda e aumento para aposentados que ganham acima do mínimo. Os sindicalistas negociam com o governo nesta sexta-feira, 4.
A definição da correção do salário mínimo é relevante para as contas públicas no momento em que o governo se prepara para anunciar um corte de gastos no Orçamento. O tema é o primeiro teste importante para a presidente Dilma Rousseff no Congresso.
Os sindicalistas também não descartam que o reajuste acima do pretendido pelo governo, de R$545,00, seja considerado como uma antecipação do aumento a ser dado em 2012. Pelo acordo em vigor, que considera o crescimento da economia e a inflação, a correção prevista para 2012 poderia chegar a 14%, enquanto para 2011 não houve aumento real.
"Nós brigamos por 580 reais, mas nós topamos discutir os 580. Estamos deixando isso claro", disse a jornalistas o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), na entrada da reunião.
Do lado do governo, estão presentes os ministros Guido Mantega (Fazenda), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Carlos Lupi (Trabalho e Emprego).
Artur Henrique da Silva, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), afirmou que a aceitação da antecipação depende do processo de negociação. "São três pontos: política de valorização e correção da tabela (do IR). Se passar por esses dois, o terceiro (valor do mínimo) fica mais fácil negociar", disse.
O salário mínimo, de R$510,00 no ano passado, foi reajustado na virada do ano para R$540,00 por medida provisória. Entretanto, como a inflação de 2010 excedeu o previsto, Dilma propôs elevar o valor para R$545,00.
Especula-se que o governo esteja propenso a chegar a R$550,00, incorporando um pequeno aumento real. Os trabalhadores, em conversas de bastidores, já admitiam na quinta-feira, 3, um valor de R$560,00.
Para a tabela do IR para pessoa física, as centrais pedem um reajuste de 6,47% (INPC do ano passado), enquanto o governo já sinalizou com 4,5%.
Além de Força Sindical e CUT, foram convidadas as outras quatro centrais sindicais. Esta é a segunda reunião para discutir o mínimo realizada entre representantes das centrais e do governo.