O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal William Levada, anunciou a preparação de uma "circular" com linhas de orientação para todas as conferências episcopais, a respeito dos casos de abusos sexuais de menores, por parte de membros do clero.
Intervindo na segunda parte do encontro de cerca de 150 cardeais de todo o mundo com o Papa, que decorreu nesta sexta-feira,19, no Vaticano, o cardeal norte-americano precisou que a iniciativa visa oferecer um “programa coordenado e eficaz”.
Segundo um comunicado oficial da Santa Sé, Dom William Levada apresentou uma comunicação intitulada “Resposta da Igreja aos casos de abuso sexual: rumo a uma orientação comum”.
O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé ofereceu uma “atualização sobre a legislação canônica relativa ao delito de abuso sexual sobre menores” e destacou a “mais ampla responsabilidade dos bispos pelas tutela dos fiéis que lhes são confiados”.
Neste contexto, o cardeal que substituiu Joseph Ratzinger à frente da referida Congregação aludiu ao exemplo de “escuta e acolhimento das vítimas” por parte de Bento XVI e falou da “colaboração com as autoridades civis”.
Para este responsável, é necessário um “compromisso eficaz de proteção das crianças e dos jovens”, bem como “uma atenta seleção e formação dos futuros sacerdotes e religiosos”.
A Santa Sé revelou que no tempo aberto à discussão houve 12 intervenções de cardeais, durante as quais foi sugerido que as conferências episcopais desenvolvam “planos eficazes, atempados, articulados, completos e decididos para a protecção dos menores”.
Esses planos devem ter em conta os vários aspectos do problema e linhas de intervenção, “seja para restabelecer a justiça, seja para a assistência das vítimas”, procurando a prevenção e formação, “mesmo nos países onde o problema não se manifestou de modo tão dramático como noutros”.
A este respeito, o cardeal André Vingt-Trois, arcebispo de Paris, referiu os jornalistas ter sido sugerido por vários participantes que se verifique a situação nos países não ocidentais. É preciso “consultar as conferências episcopais desses países para ver o que se passa”, afirmou.
O cardeal Levada falou também sobre a constituição apostólica Anglicanorum coetibus, de Bento XVI, que abre portas ao regresso de grupos anglicanos descontentes à Igreja Católica.
O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé falou do “contexto ecuménico” e da situação actual a respeito dos ordinariatos especiais previstos por Bento XVI para os fiéis anglicanos que desejem regressar “corporativamente” à comunhão com Roma.
O primeiro desses ordinariatos vai ser criado na Inglaterra, já em Janeiro de 2011, como foi anunciado neste dia 19 de Novembro pela conferência episcopal local.
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, abordou os 10 anos da declaração Dominus Iesus, texto que trata da “unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja”.
Para o antigo secretário do então cardeal Joseph Ratzinger, a declaração por este assinado deu “clareza a algumas verdades cristológicas fundamentais”, apresentando o diálogo ecumênico e inter-religioso desde uma perspectiva de “identidade católica”, sem fechar as “vias de pesquisa positivas, indicadas pelo Concílio, sobre a grande questão da salvação dos não cristãos”.
Dom Angelo Amato considera que a Dominus Iesus deixa um alerta contra “um pluralismo mal-entendido” e continua a ser um “apelo válido de clareza doutrinal e pastoral”.
No decorrer do debate, foi decidido “manifestar a solidariedade do colégio cardinalício – unido ao Santo Padre – com o povo do Iraque e do Haiti”, colocando em andamento uma iniciativa concreta de recolha de ofertas, a enviar através do Conselho Pontifício Cor Unum.
Bento XVI encerrou esta parte final dos trabalhos, com pouco mais de duas horas, deixando palavras de agradecimento a todos os presentes.
O último encontro do gênero tinha acontecido em Novembro de 2007.
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