Palavra do Papa

Trechos da Carta Apostólica Ubicumque et semper

Seguem passagens da Carta Apostólica em forma de Motu Proprio Ubicumque et semper, através da qual o Santo Padre Bento XVI instituiu o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.

"A Igreja tem o dever de anunciar sempre e em qualquer lugar o Evangelho de Jesus Cristo […]. Tal missão toca diversas formas e modalidades, de acordo com lugares, situações e momentos históricos. No nosso tempo, uma de suas singularidades foi percebida com o fenômeno do distanciamento da fé, que é progressivamente manifestado pelas sociedades e culturas que, ao longo dos séculos passados, pareciam impregnadas pelo Evangelho".

"As transformações sociais às quais assistimos nas últimas décadas têm causas complexas, possuem suas raízes em tempos longínquos e mudaram profundamente a percepção do nosso mundo […]. E, se de um lado, a humanidade conheceu inegáveis benefícios de tantas transformações e a Igreja recebeu mais estímulos para dar razão da esperança que nos leva adiante, por outro verificou-se uma perda de preocupação com o sentido do sagrado, chegando inclusive a se questionar fundamentos que pareciam indiscutíveis, como a fé num Deus criador e providente, a revelação de Jesus Cristo como único salvador, e a comum compreensão das experiências fundamentais da pessoa humana como nascer, morrer, viver numa família, a referência a uma lei moral e natural".

"Já o Concílio Ecumênico Vaticano II levou entre as temáticas centrais a questão da relação entre a Igreja e este mundo contemporâneo. Com base nos ensinamentos do Concílio, os meus Predecessores, então, anteriormente refletiram sobre a necessidade de encontrar formas adequadas para consentir aos nossos contemporâneos de ouvirem ainda a Palavra viva e eterna do Senhor".

"O Venerável Servo de Deus João Paulo II fez deste difícil empenho uma pedra angular do seu vasto magistério, sintetizando no conceito de 'nova evangelização', que ele promoveu sistematicamente em numerosas intervenções, a tarefa que atende a Igreja hoje, em particular nas regiões de antiga cristianização".

"Fazendo disso a carga da preocupação dos meus veneráveis Predecessores, julgo oportuno oferecer as respostas adequadas para que a Igreja toda, deixando-se reger pela força do Espírito Santo, apresente-se ao mundo contemporâneo com um zelo missionário capaz de promover uma nova evangelização".

"Nas Igrejas de antiga fundação […], mesmo diante do fenômeno da secularização, a prática cristã manifesta-se ainda com uma boa vitalidade e um profundo enraizamento na alma de populações inteiras […]. Em outras regiões, ao contrário, nota-se mais claramente um distanciamento da sociedade como um todo da fé, com um fraco tecido eclesial, ainda se não livre dos elementos de vivacidade, que o Espírito Santo não deixa de suscitar; conhecemos, infelizmente, zonas que parecem quase que completamente descristianizadas".

"Na raiz de cada evangelização, não está um projeto humano de expansão, mas o desejo de compartilhar o inestimável dom que Deus deseja de nós, fazendo- nos participar de sua própria vida".

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