Meus queridos irmãos e irmãs,
estou muito contente por estar entre vós, moradores da Saint Peter’s Residence, e agradeço a Irmã Marie Claire e a senhora Taskper pelas suas gentis palavras de boas-vindas em vosso nome. Congratulo-me também por saudar o Arcebispo Smith de Southwark, bem como as Irmãzinhas dos Pobres, os funcionários e voluntários que cuidam de vós.
Com os avanços na medicina e outros fatores ligados ao aumento da longevidade, é importante reconhecer a presença de um crescente número de idosos como uma bênção para a sociedade. Cada geração pode aprender com a experiência e sabedoria da geração que a precedeu. Com efeito, a prestação de cuidados aos idosos não deveria ser considerada tanto um ato de generosidade, mas a amortização de uma dívida de gratidão.
De sua parte, a Igreja sempre teve grande respeito pelos idosos. O Quarto Mandamento, “Honra teu pai e tua mãe como o Senhor, teu Deus, te ordenou” está ligado à promessa “para que vivas por longos anos e sejas feliz na terra que o Senhor, teu Deus, te dará” (Dt 5,16). Este trabalho da Igreja pelos idosos e enfermos não oferece somente amor e cuidados, mas também é recompensado por Deus com as bênçãos que ele prometeu ao local onde este mandamento é observado. Deus quer um respeito adequado à dignidade e valor, a saúde e o bem-estar dos idosos e, através de suas instituições caritativas na Grã-Bretanha e além, a Igreja procura cumprir o mandamento do Senhor de respeitar a vida, independentemente da idade ou das circunstâncias.
No início de meu pontificado, disse: “Cada um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um de nós é necessário” (Homilia na Missa para o início do Ministério Petrino do Bispo de Roma, 24 de abril de 2005). A vida é um dom único, em todas as fases, desde a concepção até a morte natural, e cabe somente a Deus dá-la ou tirá-la. Pode-se gozar de boa saúde na terceira idade; mas igualmente os cristãos não deveriam ter medo de participar dos sofrimentos de Cristo, se Deus quer que enfrontem a enfermidade. O meu predecessor, o Papa João Paulo II, sofreu publicamente nos últimos anos de sua vida. Parecia claro a todos nós que viveu isso em união com os sofrimentos de nosso Salvador. A sua alegria e paciência no afrontar os seus últimos dias foram um notável e comovente exemplo para todos nós que temos que carregar o fardo da idade avançada.
Nesse sentido, venho entre vós não somente como um Pai, mas sobretudo como um irmão que conhece bem as alegrias e os desafios que vêm com a idade. Nossos longos anos de vida nos proporcionam a oportunidade de apreciar a beleza dos maiores dons que Deus nos deu, o dom da vida, bem como a fragilidade do espírito humano. Aqueles entre nós que vivem muitos anos têm uma oportunidade maravilhosa de aprofundar o próprio conhecimento do mistério de Cristo, que se humilhou para participar da nossa humanidade. Enquanto cresce o nosso normal período de vida, as nossas capacidades físicas são muitas vezes diminuídas; e, todavia, esses períodos podem estar entre os anos espiritualmente mais frutuosos das nossas vidas. Esses anos são uma oportunidade para recordar em uma oração afetuosa todos aqueles que amamos nesta vida e colocar tudo o que fomos e fizemos diante da graça e ternura de Deus. Isso será certamente de grande conforto espiritual e nos permitirá descobrir novamente o seu amor e bondade todos os dias da nossa vida.
Com esses sentimentos, queridos irmãos e irmãs, asseguro de coração as minhas orações por todos vós, e peço-vos que rezeis por mim. Que a nossa beata Senhora e seu esposo São José intercedam pela nossa felicidade nesta vida e nos obtenham a benção de uma serena passagem para o Céu.
Deus abençoe a todos vós!
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