Michelle Mimoso
Enviada especial a Brasília
O Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Dom Cláudio Hummes, presente no Congresso Eucarístico Nacional, em Brasília (DF), participou, na tarde desta sexta-feira, 14, do Simpósio Teológico que acontece no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Em seu discurso, Dom Cláudio falou sobre a Eucaristia, “pão da unidade, vida dos discípulos e missionários”, tema este da segunda conferência deste simpósio.
O discípulo
Sobre o ser discípulo, o cardeal destacou que não se começa a ser cristão por uma decisão ética, mas através do encontro com uma Pessoa que dá um novo horizonte à vida: Jesus Cristo. “O Cristianismo não começa por uma ideia, mas por um acontecimento, um encontro pessoal com Jesus Cristo. Isto é um centro de referência, porque quando eu me decido a seguir Jesus, depois de tê-Lo encontrado pessoalmente, percebo que a Sua doutrina é importante, porque Ele é importante.
Para elucidar suas palavras, Dom Cláudio citou o encontro de Jesus com os apóstolos João e André, quando estes perceberam que Ele era, realmente o Messias. O cardeal fala da emoção e da fé deste encontro que faz com que os discípulos vão em missão para levar a notícia do encontro a todos. “Quando André disse a seu irmão: ‘Encontramos o Messias’, Simão ficou muito surpreso e também foi ao encontro do Mestre”, explicou o palestrante. Jesus era para todos os discípulos a Boa Nova, a novidade que havia lhes mudado a vida. “Mas Jesus já voltou ao Pai. Então, podemos perguntar como encontrá-Lo.
João Paulo II escreveu que, hoje, o encontro com o Filho de Deus acontece na própria Igreja, pois é nela que os homens podem ter seu encontro transformador e tornarem-se seus discípulos.
Dom Cláudio ressalta que a Palavra de Deus está na origem do processo de conversão, seja ouvindo a Palavra ou lendo-a. Tratando-se de fazer um encontro com Jesus, o Papa recomenda a leitura do Evangelho que fala diretamente da vida de Jesus, pois a leitura dos textos, quando acolhida com a mesma atenção com que os apóstolos escutavam Jesus, produz autênticos frutos de conversão e transformação. “Discípulo é alguém que escuta o Mestre, sempre como se fosse a primeira vez”.
O Cardeal também faz menção ao Documento de Aparecida quando diz que a Eucaristia é o lugar privilegiado do discípulo. “Com Jesus Cristo, igual às primeiras comunidades cristãs, hoje, nos reunimos para ouvir as Palavras do Senhor. O Corpo de Cristo, participação de todos, nos faz membros do mesmo corpo; ele é o ponto mais alto da vida cristã, pois alimenta nossa vida em comunhão, em Igreja”.
A Igreja é casa, escola de comunhão onde os discípulos compartilham o mesmo amor.
O Missionário
Sobre o ser missionário, Dom Cláudio diz que o verdadeiro discípulo sempre se transforma em missionário. Sitando novamente o Papa João Paulo II, o cardeal diz: “O encontro com o Senhor gera uma profunda transformação. Quem se tornou discípulo sente-se impelido a contar o que presenciou ou escutou de Jesus”.
Todos os sacramentos da Igreja estão unidos à Eucaristia e a ela ordenados. Portanto, a Eucaristia é realmente pão da vida, pois é ápice da evangelização. É o pão vivo que dá a vida. Isso significa que o missionário deve ter em mente que a prioridade de sua evangelização é levar os ouvintes à mesa da Eucaristia. “A missão nos leva para a Eucaristia; e ela para a missão. Todos os discípulos, e cada um particularmente, deve partir para a evangelização da humanidade tomando como impulso a Eucaristia.
“O pão eucarístico é o memorial da Páscoa de Jesus. É a prova suprema do amor de Deus pela humanidade. A Eucaristia, mesa dos irmãos, é fonte de um novo homem, de uma nova mulher. Neste sentido, é também mensagem de impulso aos pobres. Ela é anúncio do Reino futuro e definitivo”, ressaltou o cardeal.
O palestrante também acrescentou que é preciso lembrar que os pobres são os primeiros destinatários da missão. “Em Aparecida [durante a V Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe], os bispos renovaram o compromisso com os pobres e convidaram toda a Igreja a assumir também esta missão. “Ainda hoje, essa situação pesa sobre centenas de milhares de seres humanos. O risco é que nos habituemos a essa situção. Por isso, o missionário deve sempre ir em busca dos pobres, pois a opção por eles é uma das características que marca a Igreja Latino-americana”. O arcebispo acrescenta que essa opção está implícita na fé cristológica, no Deus que se faz pobre com os homens. “Os cristãos são achados nos rostos sofredores dos irmãos, o rosto de Cristo. Tudo o que tem relação com os pobres está relacionado com a Igreja e clama por Jesus Cristo. Em Cristo, o grande se fez pequeno; o rico se fez pobre. A nossa fé em Cristo deve nascer da solidariedade, manisfestada em opções e gestos visíveis”.
Ao final, o cardeal Dom Cláudio pediu a Deus que abençoe o 16º Congresso Eucarístico Nacional e o Simpósio Teológico.
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