O dia de hoje, 1º de agosto, é dedicado mundialmente ao incentivo da amamentação. Estudos indicam que crianças que são amamentadas têm menos chances de ter diarréia, pneumonia (doenças responsáveis por boa parte da mortalidade infantil, principalmente em regiões mais carentes), diabetes, câncer ou de desenvolver alergias.
A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), divulgada no início de julho de 2008, mostrou dados positivos: 43% das crianças são amamentadas na primeira hora de vida no Brasil, 99% são amamentadas no primeiro dia de vida e 40% das crianças menores de seis meses recebem exclusivamente o aleitamento materno.
Especialistas afirmam que hoje, as mães oferecem o leite materno, em média, por dez meses. O ideal é que a criança seja amamentada por mais de dois anos, sendo que, nos primeiros seis meses de vida, exclusivamente, por leite materno.
Conscientização
Diante destes dados, a pediatra e diretora clínica do hospital São Francisco, Jacareí, SP, Dra. Mônica Busatamante Monti Braga, argumenta: "Ainda temos muito por fazer. Muitas vezes culpamos a mãe, mas ela não tem apoio, quem a ajude, quem a oriente. Quando ela vai a uma assistência médica, geralmente, é mais fácil ensinar como se dá uma mamadeira do que ensinar como amamentar, como evitar que machuque bico do peito, como aumentar produção de leite, por exemplo".
A profissional assinala que mais importante do que a diferença na composição entre o leite materno e o industrializado, é o vínculo entre mãe e filho que se cria na amamentação.
Adriane Adamo é mãe de Sarah Adamo, de 5 meses. Ela conta sua experiência: "Meu leite sempre foi pouco, mas sempre fiz questão de amamentar. Com três meses eu poderia ter optado em dar somente a mamadeira, mas não. Além das mamadeiras que eram necessárias, pois meu leite era pouquíssimo, era ainda mais necessário eu mantê-la no peito mesmo com pouco leite, principalmente, para fortalecer nosso vínculo. Percebo que, ao insistir em dar o peito à Sarah, ela se desenvolve mais rápido, se sente segura e profundamente amada".
Falando da importância do apoio da família, a pediatra afirmou: "Esse fator tem repercussão muito grande no sucesso do aleitamento".
Dra. Mônica explica que o leite materno tem muito mais qualidade que o leite industrializado, especialmente, por ser o único a possuir anticorpos. "Ele é próprio para cada fase de desenvolvimento do bebê. Assim, o leite de uma mãe que tem um bebê prematuro é direrente do leite de uma mãe que teve o filho com nove meses", disse.
"Existe um grande número de mães que não amamentam por pura falta de orientação. Muitas vezes elas não conseguem reconhecer não só a importância que isso tem para ela e para o bebê", explicou, afirmando que é importante trabalhar pela conscientização e incentivo do aleitamento materno. Dra. Mônica acrescentou que amamentar também beneficia a mãe: "As mães que amamentam têm incidência menor de câncer de mama. Amamentar ajuda, ainda, contrair o útero da mãe".
Falando da questão social, a profissional afirmou: "Leite materno é bom e não custa nada".
Exceções
Poucas são as situações em que o recém-nascido não pode receber o leite materno. Embora não seja uma prática em todos os países, no Brasil, as mães portadoras do vírus HIV não devem amamentar seus filhos.
Segundo a assessora técnica para assuntos relacionados ao aleitamento materno, Lílian Córdova do Espírito Santo, o leite até poderia ser oferecido ao bebê se, antes, fosse pasteurizado, o que eliminaria o vírus. Passaria a ter a mesma qualidade do leite dos bancos do produto existentes nos hospitais, em que todo leite materno doado é pasteurizado antes de ser servido aos bebês.
"Mesmo com a perda de algumas propriedades, ainda assim é muito melhor que qualquer outro leite que não o da mãe”, garante a assistente. Hoje, no país, 1% das gestantes é portadora do HIV. Além delas, as mães usuárias de drogas, principalmente as injetáveis, não devem amamentar os filhos. As substâncias são passadas à criança por meio do aleitamento", afirma a assessora.