Na presença de cerca de 40 mil fiéis e peregrinos, Bento XVI presidiu, na manhã desta quarta feira, na Praça de São Pedro, uma Celebração Eucarística no terceiro aniversário da morte de João Paulo II.
Com o Papa concelebraram os cardeais Ângelo Sodano, decano do Colégio cardinalício e ex-secretário de estado, e João Batista Re, prefeito da Congregação dos Bispos e ex substituto da Secretaria de Estado. Entre as dezenas de cardeais e bispos que participaram na celebração encontravam-se os colaboradores mais íntimos de JPII, como o vigário do Papa para a Diocese de Roma, Cardeal Camilo Ruini e seus dois secretários: Dom Estanislau, hoje cardeal arcebispo de Cracóvia e D. Mietek, hoje bispo coadjutor de Leopolis dos Latinos.
"A única esperança para o homem está na misericórdia de Deus". Palavras de João Paulo II evocadas pelo seu sucessor na homilia da Missa.
Toda a vida de João Paulo II, especialmente o seu ministério petrino, pode ser lido sob o signo de Cristo Ressuscitado, sublinhou Bento XVI. As palavras do anjo da ressurreição "Não tenhais medo!" constituíram, uma palavra de ordem, assente não nas forças humanas, mas unicamente na Cruz e na Ressurreição de Cristo.
O Papa começou lembrando a comoção de todo o mundo, há três anos, diante da morte do servo de Deus João Paulo II. Ao longo de diversos dias, recordou, a basílica e a Praça de São Pedro "foram verdadeiramente o coração do mundo", com "um caudal ininterrupto de peregrinos" para prestar homenagem ao despojos do venerado Pontífice. Há poucos dias da celebração da Páscoa, o coração da Igreja encontrava-se ainda profundamente imerso no mistério da Ressurreição do Senhor.
"Na verdade, podemos ler toda a vida do meu amado predecessor, em particular o seu ministério petrino, sob o signo de Cristo Ressuscitado. N’Ele nutria uma fé extraordinária, com Ele se detinha em conversação íntima, singular e ininterrupta. Entre as tantas qualidades humanas e sobrenaturais, tinha também a de uma excepcional sensibilidade espiritual e mística".
"O seu Não tenhais medo não se baseava nas forças humanas, nem nos sucessos obtidos, mas unicamente na Palavra de Deus, na Cruz e na Ressurreição de Cristo. À medida que ia sendo despojado de tudo, até mesmo da sua própria palavra, foi aparecendo com crescente evidência o seu confiar-se a Cristo. Como aconteceu a Jesus, também para João Paulo II no final as palavras deram lugar ao extremo sacrifício, ao dom de si. E a morte foi o sigilo de toda uma existência dada a Cristo, a Ele conformada mesmo fisicamente nas marcas do sofrimento e do abandono confiante nos braços do Pai celeste".
Entre os muitos fiéis presentes na Praça de São Pedro, nesta Missa de sufrágio por João Paulo II, encontravam-se umas sete mil pessoas que participam nestes dias no I Congresso Mundial sobre a Divina Misericórdia. Bento XVI sublinhou que "a misericórdia de Deus é uma privilegiada chave de leitura do pontificado" do Papa Wojtyla. "Ele queria que o mensagem do amor misericordioso de Deus chegasse a todos os homens e exortava os fiéis a testemunhá-la".
"O servo de Deus João Paulo II tinha conhecido e vivido pessoalmente as imensas tragédias do século XX e por muito tempo se interrogou o que é que poderia deter a maré do mal. A resposta não podia encontrar-se senão no amor de Deus.
De fato só a Divina Misericórdia está em condições de colocar um limite ao mal; só o amor onipotente de Deus pode derrotar a prepotência dos malvados e o poder destrutivo do egoísmo e do ódio".
Foi por isso que, durante a sua última visita à Polónia, regressando à sua terra natal, ele fez questão de afirmar que "não há para o homem outra fonte de salvação senão a misericórdia de Deus".