Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Rafael Correa, do Equador, se reuniram na manhã de hoje, 5, para discutir a crise diplomática que envolve os governos equatoriano, colombiano e venezuelano. Participam do encontro os ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores, Jorge Armando Félix, do Gabinete de Segurança Institucional, e o assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
A viagem do presidente equatoriano faz parte de uma série de visitas-relâmpago a cinco países latino-americanos – Peru, Brasil, Venezuela, Panamá e República Dominicana – para denunciar o que considera “agressão” colombiana ao país, de acordo com a Agência Boliviana de Informações.
O presidente do Equador, Rafael Correa, cobrou uma decisão rápida da Organização dos Estados Americanos (OEA) em relação à ação armada da Colômbia contra guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território equatoriano.
Correa também espera que seja instalada, o mais rápido possível, a comissão de investigação proposta pelo Brasil à OEA. O conselho permanente do organismo analisa o caso desde ontem, 4, em sessão extraordinária.
"Exigimos que a OEA se posicione de forma rápida, ratifique a inviolabilidade dos territórios nacionais, de acordo com sua carta constitutiva, ratifique a inviolabilidade da soberania dos países, forme essa comissão de verificação para apurar os fatos, ratifique a agressão de que fomos vítimas", disse em declaração à imprensa após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.
Reiterando o que disse ontem, logo que chegou a Brasília, Correa condenou a postura do governo colombiano de atacar territórios onde possa haver a presença de terroristas. Segundo ele, caso prevaleça essa lógica, os países vizinhos também teriam direito de promover ações terroristas na Colômbia.
"Se as Farc são um perigo para a região como manifestou Uribe [Álvaro Uribe, presidente da Colômbia], todos temos a liberdade de bombardear solo colombiano", afirmou.
O presidente do Equador voltou a agradecer a postura "frontal e direta" com que o governo brasileiro condenou, desde o princípio, o ataque militar colombiano em território vizinho. Disse que é hora da união latino-americana e que conta com o apoio internacional, mas reiterou a disposição do povo equatoriano de ir até as últimas conseqüências para defender a soberania do país.
"Contamos com a comunidade internacional, mas, sobretudo, contamos com nossas próprias forças, nossa dignidade, nossa altivez, e não permitiremos o ultraje de um governo que traiu qualquer princípio de direito internacional.”
Ontem Rafael Correa esteve no Peru, em busca de apoio regional, e hoje segue para a Venezuela. O presidente equatoriano deverá passar ainda pelo Panamá, Nicarágua e República Dominicana.