"A solidariedade é o elemento-chave para proteger o meio ambiente", afirmou, em Nova Iorque, o arcebispo Celestino Migliore, núncio apostólico e observador permanente da Santa Sé ante as Nações Unidas na última quarta-feira, 13.
Intervindo na "62ª sessão da Assembléia Geral" organizada pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), o arcebispo recordou "a ineludível responsabilidade de todos de promover um meio ambiente são para as gerações presentes e futuras".
"A Onu mostrou que através de uma maior preocupação por novos vizinhos, em especial pelos mais vulneráveis à mudança climática, estamos mais preparados para adotar estratégias e políticas que equilibrem as necessidades da humanidade com a urgência de uma administração mais responsável" afirmou. "A solidariedade se apresenta, portanto, como linha-guia na ação para a salvação do ambiente", complementou.
"Pôr em comum os recursos torna as iniciativas de redução e adaptação economicamente acessíveis à maior parte dos países, ajudando os menos preparados a perseguir o desenvolvimento, salvaguardando ao mesmo tempo o meio ambiente", destacou o arcebispo.
"Esta atitude é crucial também com relação a um fator especialmente importante do desenvolvimento sustentável, o uso de tecnologias limpas. Para ajudar os países em vias de desenvolvimento a evitar os erros que outros cometeram no passado, os altamente industrializados deverão compartilhar com eles este tipo de tecnologia", observou o arcebispo.
Quanto ao compromisso da Santa Sé, o arcebispo recordou que o empenho pessoal e os numerosos chamados públicos do Papa Bento XVI suscitaram campanhas de conscientização por um renovado senso de respeito pela necessidade de salvaguardar a criação de Deus.
Desde um ponto de vista mais prático, a Santa Sé já tomou medidas para reduzir e compensar as emissões de carbono no Estado da cidade do Vaticano, como o uso de painéis solares.
Segundo o observador permanente, corresponde a cada indivíduo e a cada nação assumir seriamente a própria parte de responsabilidade para encontrar e implementar o enfoque mais equilibrado possível ao desafio da mudança climática.
O arcebispo constatou que o desenvolvimento sustentável proporciona a chave para uma estratégia que leve em conta harmoniosamente as exigências da conservação ambiental, da mudança climática, do desenvolvimento econômico e das necessidades humanas fundamentais.
Apesar da degradação ambiental que se constata em muitas partes, o núncio observou que indivíduos e comunidades começaram a modificar seus estilos de vida, conscientes do fato de que o comportamento pessoal e coletivo tem um impacto no clima e no bem-estar geral do meio ambiente. "Do mesmo modo, os mercados devem ser animados a patrocinar ‘economias verdes’ e não a sustentar a demanda de bens cuja própria produção é causa de degradação ambiental", assinalou.
Os consumidores devem saber que suas tendências de consumo têm um impacto direto sobre a saúde do ambiente. Deste modo, mediante a interdependência, a solidariedade e a responsabilidade, os indivíduos e as nações serão mais capazes de equilibrar as necessidades do desenvolvimento sustentável com aquelas da boa administração em todos os níveis.
A respeito da conquista dos objetivos de um melhor cuidado do ambiente, concluiu: "Exige uma aliança global para a adaptação de uma estratégia política internacional coordenada, visando a um ambiente saudável para todos".