Bento XVI recebeu neste sábado, no Vaticano, o novo embaixador do Equador junto à Santa Sé, Fausto Cordovez Chiriboga, que apresentou suas credenciais ao Santo Padre. Citando a Gaudium et spes _ Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, o Papa reiterou que "a Igreja não está ligada, por força da sua missão e natureza, a nenhuma forma particular de cultura ou sistema político, econômico ou social" (GS, 42).
A Igreja, afirmou o pontífice, "oferece uma importante contribuição para o bem comum" do Equador, e disso deriva "a necessidade de promover e reforçar o âmbito de liberdade" que os textos constitucionais do país lhe reconheceram. Por isso, ressaltou o Santo Padre, fazemos votos de que a nova ordem constitucional contemple as mais amplas garantias para a liberdade religiosa dos equatorianos.
Em seguida, Bento XVI disse que "a humanidade se encontra hoje diante de novos cenários de liberdade e esperança, atingidos por situações políticas instáveis e por conseqüências provocadas por estruturas sociais frágeis". Além disso, se vai reforçando, sempre mais, a interdependência entre Estados. Portanto, é necessário e urgente, observou o papa, "trabalhar para a construção de uma ordem interna e internacional que promova a convivência pacífica, a cooperação, o respeito pelos direitos humanos" e o reconhecimento da inviolável dignidade da pessoa.
Nesse sentido, "pensando nos numerosos equatorianos que emigram para outros países", buscando um futuro melhor para si mesmos e para seus familiares, não podemos esquecer, afirmou o papa, que "o amor, Caritas, será sempre necessário". Retomando a encíclica Deus caritas est, Bento XVI recordou que aqueles que "desconhecem o amor não seguem o homem enquanto homem". Por isso, deve ser construído um Estado que não regule e domine tudo.
"Aquilo que é necessário, disse Bento XVI citando ainda uma passagem de sua encíclica, é um Estado que generosamente reconheça e apóie, de acordo com o princípio de subsidiariedade, as iniciativas que surgem das forças sociais." Ademais, explicou o papa, "um governo democrático deve alimentar uma cultura de respeito e igualdade orientada a servir o povo inteiro". Por isso, disse o Santo Padre, o governo do Equador manifestou "a sua decidida vontade de responder às necessidades dos mais pobres, inspirando-se na Doutrina Social da Igreja".
Por sua vez, dirigindo-se a Bento XVI, o embaixador do Equador disse que o povo equatoriano é profundamente cristão e católico; vivemos grandes contradições, concluiu o diplomata, diante das quais a nossa fé deve constituir um verdadeiro baluarte para afrontar com os nossos firmes princípios e a nossa vocação cristã, "os ataques que buscam ruir, nos fundamentos, as nossas tradições cristãs".