Vaticano vai publicar nota de esclarecimento sobre a liberalização do rito de São Pio V
A Comissão Ecclesia Dei, do Vaticano, está preparando um documento sobre a correta interpretação do Motu Próprio "Summorum Pontificum", de Bento XVI, que liberalizou a Missa segundo os livros litúrgicos de São Pio V, na sua edição de 1962.
Criada por João Paulo II, em 1988, a “Ecclesia Dei” quer ser um sinal de comunhão para todos os fiéis católicos que se sentem vinculados a algumas precedentes formas litúrgicas e disciplinares da tradição latina, procurando adaptar “as medidas necessárias para garantir o respeito das suas justas aspirações”.
Mons. Perl membro da Comissão, lamentou ainda a existência de padres e bispos que não aceitam o Motu Próprio, frisando que o documento "não caiu do céu, mas é fruto de um longo caminho". O Motu Próprio de Bento XVI sobre a Liturgia Romana anterior à reforma do Concílio Vaticano II entrou em vigor a partir de 14 de Setembro. O documento aprova a utilização universal do Missal promulgado pelo Beato João XXIII em 1962, com o Rito de São Pio V, utilizado na Igreja durante séculos.
O Rito de São Pio V, que a Igreja Católica usava até à reforma litúrgica de 1970 (com algumas modificações, a últimas das quais datada de 23 de Junho de 1962) foi substituído pela Liturgia do "Novus Ordo" (Novo Ordinário) aprovada como resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.
Com o novo documento, Bento XVI estende a toda a Igreja de Rito Latino a possibilidade de celebrar a Missa e os Sacramentos segundo livros litúrgicos promulgados antes do Concílio. Esta aprovação universal significa que a Missa do antigo Rito poderá ser celebrada livremente em todo mundo, pelos sacerdotes que assim o desejarem, sem necessidade de autorização hierárquica (licença ou indulto) de um Bispo. Os livros litúrgicos redigidos e promulgados após o Concílio continuarão, contudo, a constituir a forma ordinária e habitual do Rito Romano.
Bento XVI esclarece suas razões
Reconciliação: esta é a palavra chave e a razão positiva apresentada pelo Papa para a "liberalização" do Missal Romano de 1962.
"Trata-se de chegar a uma reconciliação interna no seio da Igreja. Olhando para o passado, para as divisões que no decurso dos séculos dilaceraram o Corpo de Cristo, tem-se continuamente a impressão de que, em momentos críticos quando a divisão estava a nascer, não fora feito o suficiente por parte dos responsáveis da Igreja para manter ou reconquistar a reconciliação e a unidade", refere o Papa, na carta que envia aos Bispos de todo o mundo para explicar o Motu Proprio publicado a 7 de Julho.