Bento XVI arremeteu mais uma vez contra o relativismo reinante na sociedade ocidental, considerando que "a resignação perante a verdade é o núcleo da crise" da Europa.
Criticando quem considera o homem "incapaz da verdade", o Papa referiu que "se não existe uma verdade, o homem, no fundo, não pode sequer distinguir entre o bem e o mal". Milhares de pessoas escutavam a homilia do Papa, no Santuário austríaco de Mariazell, destino da peregrinação de Bento XVI a este país.
Segundo o Papa, mesmo as "grandes e maravilhosas aquisições da ciência" se podem tornar "ambíguas" neste clima de relativismo, transformadas em "ameaças terríveis, destruição do homem e do mundo". "Temos necessidade da verdade, mas – por causa da nossa história – temos medo de que a fé na nossa verdade comporte intolerância", admitiu Bento XVI.
Neste contexto, precisou que se os cristãos consideram Jesus como "único Mediador da salvação, válido para todos, que a todos diz respeito e do qual, em última análise, todos têm necessidade, isto de modo nenhum significa desprezo pelas outras religiões nem absolutização soberba do nosso pensamento".
O Papa sublinhou que "hoje não basta ser e pensar de um modo qualquer, como todos os outros. O projeto da nossa vida vai mais longe: Temos necessidade de Deus, daquele Deus que mostrou o seu rosto e abriu o seu coração, Jesus Cristo". "Só Ele é a ponte que põe em contato imediato Deus e o homem", prosseguiu.
Bento XVI disse ainda que Cristianismo é mais do que um "sistema moral", mas uma "amizade" com Cristo, que perdura "na vida e na morte". Deus, explicou, "ama-nos e guia-nos, leva-nos, mas deixa-nos à nossa liberdade".
O Papa pediu aos cristãos um "sim" à vida, à família, ao "amor responsável", à solidariedade e à "responsabilidade social", ao respeito pelas outras pessoas e pelas coisas "que não nos pertencem".