Sob uma chuva incessante, Bento XVI presidiu, esta manhã, à celebração eucarística no santuário de Mariazell _ centro do Catolicismo na Europa Central (mais de um milhão de peregrinos da Europa Central vêm rezar, todos os anos, no santuário de Mariazell) _ aonde chegou, em peregrinação, para comemorar os 850 anos de sua fundação.
A missa começou com cerca de meia hora de atraso, porque o pontífice teve que vir de Viena a Mariazell de automóvel, e não de helicóptero. O mau tempo e a baixa visibilidade obrigaram a cancelar a viagem aérea entre as duas cidades, uma distância de cerca de 90 km.
Chuva, vento e frio se uniram, para transformar esta etapa em Mariazell, perto dos Alpes, num calvário para os peregrinos que vieram assistir à missa: aproximadamente 30 mil pessoas, que se protegiam da chuva, cobertas com capas e capuzes, assistiram à cerimônia. A celebração era o ponto alto desta visita do Santo Padre à Áustria. O Papa estava protegido da chuva por uma tenda instalada sobre o altar.
As condições climáticas adversas são, provavelmente, as responsáveis pela morte, divulgada pela polícia, de dois idosos de cerca de 80 anos. Um teve parada cardíaca e o outro, problemas de circulação. O Papa rezou por eles ao término da missa. "Estou certo de que a Mãe de Deus os levou diretamente para o Senhor" _ disse.
As leituras da Santa Missa foram feitas em croata e esloveno. E as orações dos fiéis, em polonês, eslovaco, tcheco e romeno. Numerosos telões colocados em pontos estratégicos da fachada do santuário, transmitiam as imagens da celebração.
Em sua homilia, Bento XVI lamentou a falta de crianças na Europa, e atribuiu o fenômeno ao egoísmo e à falta de confiança dos europeus, no futuro. "A Europa tornou-se pobre em crianças. Queremos tudo para nós mesmos, e talvez não confiemos o suficiente no futuro" _ disse o pontífice.
Mais adiante, considerou que um mundo sem Deus, que "não sabe mais fazer a diferença entre o bem e o mal", enfrenta a "terrível ameaça da destruição". A Terra não terá futuro, todavia _ argumentou _ quando realmente se deixar de amar e quando a face de Deus deixar de iluminá-la. "Mas onde existe Deus, há futuro" _ ressaltou.
Olhando para a imagem de Nossa Senhora de Mariazell, Bento XVI denunciou também, a extrema pobreza em que vivem milhões de crianças em todo o mundo, e o triste fenômeno da infância explorada nas diversas guerras que assolam o Planeta.
Após a celebração eucarística, o Papa saudou, em vários idiomas, os peregrinos vindos de vários países da Europa central e oriental. Ao chegar ao santuário mariano de Mariazell, o pontífice foi recebido pelo abade do mosteiro de Lambrecht, ao lado do qual percorreu o interior do templo e se dirigiu à Capela do Santíssimo Sacramento.
O santuário de Mariazell, segundo a lenda, foi fundado por um monge do mosteiro de Sankt Lambrecht, em 1157. Sua história se caracteriza pelas doações que recebeu dos reinos centro-europeus, na Idade Média.
Nossa Senhora de Mariazell é conhecida como "Mãe dos húngaros" e "Mãe dos povos eslavos". A imagem é uma pequena estatueta de madeira, de 48 centímetros, tendo nos braços o Menino Jesus, que mostra uma maçã, símbolo da vida.
Segundo a história, um beneditino chamado Magnus foi enviado à localidade, 870 m. acima do nível do mar, para evangelizar a população. O monge, que levava a imagem, encontrou o caminho cortado por uma grande pedra e pediu ajuda à Virgem Maria, para poder prosseguir. Nesse momento _ narra a tradição _ a pedra se partiu em duas. Nesse local, foi erigido o santuário.