"Desemprego, informalidade e proteção ao trabalho" foi outro assunto abordado durante a III Conferência da Paz no Brasil, que aconteceu ontem, na Câmara dos Deputados.
A questão foi apresentada pela assessora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Lílian Marques. O Dieese é uma instituição criada e mantida pelo movimento sindical e existe há 52 anos.
Dentro de uma perspectiva histórica, de raça e de gênero, Lílian Marques apresentou dados referentes à questão do emprego e desemprego no Brasil, assim como sobre a informalidade do trabalho. Segundo assessora, atualmente os 10% mais pobres do Brasil detêm 1,1% da renda do trabalho. Enquanto, os 10% mais ricos detêm 44% desta renda.
Lílian afirmou também que a situação da mulher negra é sempre a pior. “As mulheres num sentido geral estão dentro das piores ocupações. Mas mesmo quando se tem a mesma escolaridade, a pior situação é ainda a da mulher negra”, concluiu.
Entre outras questões, a autora afirmou que a formalização do trabalho está crescendo, sobretudo para quem ganha até três salários mínimos. O número de pessoas sem carteira assinada é atualmente bem menor do que aquelas que possuem carteira assinada. Os dados apresentados pela assessora comprovam que a informalidade foi maior em 2002 e 2003, mas que nos últimos anos tem sofrido diminuição.
Lílian encerrou sua palestra com algumas questões relacionadas ao crescimento e à distribuição de renda. “Não basta só crescimento, tem que distribuir renda”, afirmou. Entre as questões levantadas estão: “Como crescer e distribuir renda? Como ampliar acesso ao mercado de trabalho e aos direitos previstos na legislação? Como incluir novas ocupações/funções? Como reduzir a jornada de trabalho sem reduzir salários? Como regular o mercado de trabalho dentro de um novo contexto de globalização, novas tecnologias, flexibilização de jornada e remuneração, sem perdas de direito?”
A assessora lembrou ainda que atualmente é muito importante considerar alguns fatores relacionados à questão do trabalho, como o meio ambiente, por exemplo. Para Lílian, devido ao avanço das novas tecnologias, como a questão da internet e celulares, as pessoas tendem a não se desprender do trabalho, mesmo quando estão em suas casas. A questão do lazer também foi citada por Lílian. Segundo ela, as pessoas hoje procuram trabalhar ainda mais para poder desfrutar do lazer.