Faleceu na noite deste domingo o Cardeal Jean-Marie Lustiger, Arcebispo Emérito de Paris, após doença prolongada. Durante um quarto de século, este judeu convertido ao catolicismo transformou profundamente o rosto da Diocese parisiense, empenhando-se em várias iniciativas pastorais, entre as quais o Congresso Internacional para a Nova Evangelização (ICNE).
O atual Arcebispo de Paris, D. André Vingt-Trois, refere em comunicado que as últimas horas do Cardeal Lustiger foram "particularmente dolorosas e penosas". As exéquias serão celebradas Sexta-feira, 10 de Agosto, na Catedral de Notre-Dame de Paris.
Formado em filosofia e teologia, Jean-Marie Lustiger foi ordenado sacerdote em 1954, Bispo de Orleans, em 1979, e Arcebispo de Paris, em 1981. Foi criado Cardeal em 1983, pelo Papa João Paulo II, com quem teve uma forte ligação. Do seu trabalho destaca-se a difusão dos ideais católicos bem como a firme defesa do diálogo entre as religiões, sobretudo entre judeus e católicos, destacando entre suas obras "Sermons d'un curé de Paris" ("Sermões de um padre de Paris", de 1978) e "Pain de vie, Peuple de Dieu" (Pão da vida, povo de Deus, de 1981).
A sua mãe era uma imigrante polonesa e morreu no campo de concentração nazista de Auschwitz. O Cardeal e a irmã conseguiram escapar e, em Agosto de 1940, converteu-se ao catolicismo.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que desapareceu uma das maiores figuras da vida espiritual e religiosa do País. Considerado também “a voz” de João Paulo II em França, o Cardeal Lustiger contribuiu de forma decisiva para o prestígio da Igreja católica francesa, nas palavras do primeiro-ministro François Fillon. Já o líder centrista francês, François Bayrou, presta homenagem ao que considera uma das mais altas figuras do humanismo gaulês.
Por seu lado, o presidente da Assembléia Nacional francesa, Bernard Accoyer lembrou o cardeal Lustiger como uma figura da cultura de diálogo e tolerância. Isso mesmo sublinha o presidente da comunidade judaica francesa. Richard Prasquier lembra o papel histórico que o cardeal Lustiger desempenhou na aproximação e promoção das relações entre católicos e judeus no País. Também a Mesquita de Paris saudou a memória de quem sempre manifestou respeito pelo Islã.