"Ler a história da Igreja sem aí procurar escândalos ou sensacionalismos a todo o custo, mas contemplando na história os sinais do amor de Deus, as suas grandes obras para a salvação dos homens", afirmou Bento XVI, na Audiência Geral desta quarta-feira (13), diante dos mais de 30 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
O Papa refletiu hoje sobre a figura de Eusébio de Cesaréia, Bispo do século IV, "infatigável estudioso e autor da primeira história da Igreja, que salvou do esquecimento acontecimentos e escritos da Igreja Antiga".
"Eusébio de Cesaréia, que viveu no tempo do imperador Constantino, no século IV. Bispo de Cesareia, na Palestina, participou ativamente no Concílio de Nicéia, em 325, aprovando o Credo e a afirmação da plena divinidade do Filho de Deus, definido como sendo da mesma substância do Pai". Nos seus numerosos escritos, em especial nos dez volumes da sua História Eclesiástica, este erudito procurará incansavelmente refletir e fazer o ponto sobre três séculos de cristianismo, tirando partido das fontes cristãs e pagãs conservadas sobretudo na biblioteca de Cesaréia.
A perspectiva fundamental da sua história é cristocêntrica: nela se revela progressivamente o mistério do amor de Deus pelos homens. Pode-se assim discernir na sua obra a intenção moral. A análise histórica não é um fim em si mesmo; convida à conversão e a um testemunho de vida autêntica da parte dos fiéis.
O Papa observou que "com a sua maneira de ler a história, Eusébio de Cesaréia interpela os crentes de todos os tempos e leva-nos a interrogarmo-nos: qual é a nossa atitude perante os acontecimentos da Igreja? Simples curiosidade, busca do sensacional, ou antes uma atitude cheia de amor, aberta ao mistério, de quem – pela fé – sabe poder reencontrar na história da Igreja os sinais do amor de Deus e as grandes obras de salvação que Ele realizou". A tantos séculos de distância, Eusébio continua a interpelar-nos, ele deixa-nos um convite:
"Eusébio de Cesaréia convida-nos a admirarmo-nos, a contemplar Deus em ação na história, para a salvação dos homens que ele chama à conversão. Perante um tal amor de Deus, não podemos ficar inertes".
Bento XVI dirigiu uma saudação à um grupo de peregrinos proveniente de Lisboa, presentes na Praça de São Pedro, evocando Santo Antônio:
"Amados peregrinos de língua portuguesa, uma saudação afetuosa a todos os presentes, nomeadamente ao grupo vindo de Lisboa – cidade-berço de Santo Antônio, cuja festa hoje celebramos. A vossa vinda a Roma vos confirme na fé santa e segura, que nele ardia e iluminava, fazendo aparecer a Igreja aos olhos de vossos familiares e amigos como veículo da salvação de Cristo. Por Ele e n’Ele, a todos abençoo".