Perante o avançar da cultura secularizada, que parece penetrar cada vez mais nas sociedades ocidentais, as Igrejas de antiga tradição correm o risco de se fecharem em si mesmas, encarando o futuro com pouca esperança e reduzindo o seu esforço missionário.
Este o conteúdo central da mensagem de Bento XVI para o próximo Dia Mundial das Missões. Como motivos que delimitam o empenho missionário das Igrejas, o Papa refere “a crise da família, a diminuição das vocações e o progressivo envelhecimento do clero”. Não obstante estas dificuldades, e precisamente por causa delas – observa o Pontífice – “é este o momento de se abrir com confiança à Providência de Deus, que nunca abandona o seu povo e que, com o poder do Espírito Santo, o guia para a realização do seu eterno desígnio de salvação”.
Nesta mensagem para o Dia Missionário Mundial, o Papa Ratzinger dirige-se a todo o Povo de Deus – Pastores, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos – exortando-os a “uma reflexão comum sobre a urgência e importância que assume, também no nosso temop, a acção missionária da Igreja”. Não deixam de ressoar, como premente apelo e chamada universal, as palavras com que Jesus confiou aos Apóstolos o mandato missionário”.
Comentando o lema do Dia das Missões 2007 – “Todas as Igrejas para todo o mundo”, o Papa convida as Igrejas locais de todos os continentes a uma consciência comum da urgente necessidade de relançar a acção missionária perante os múltiplos e graves desafios do nosso tempo”. “Nas novas condições em que vive a humanidade nestas décadas – sublinha Bento XVI na Mensagem – desenvolveu-se já um grande esforço para a difusão do Evangelho, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II”.
“Mas este ano – prossegue – temos um motivo mais que nos convida a um renovado empenho missionário: o quinquagésimo aniversário da Encíclica “Fidei donum”, com a qual Pio XII promoveu e encorajou a cooperação entre as Igreja pela missão ad gentes. Um apelo que o Papa repete hoje às Igrejas que “no passado forneceram às missões, não só meios materiais, mas também um número consistente de sacerdotes, religiosas, religiosos e leigos, dando vida a uma eficaz cooperação entre as comunidades cristãs”. “Desta cooperação brotaram abundantes frutos apostólicos tanto para as jovens Igrejas em terra de missão, como para as realidades eclesiais de que provêm os missionários”, conclui a Mensagem.
Números das Missões
O “Guia das Missões Católicas 2005” revela que, desde 1989, foram erigidas 134 novas circunscrições eclesiásticas (divisões territoriais da Igreja Católica), e cerca de 150 sofreram modificações. Actualmente, à Congregação para a Evangelização dos Povos são confiadas um total de 1069 circunscrições eclesiásticas, quase 30% de todas as circunscrições eclesiásticas da Igreja em todo o mundo.
As informações estatísticas permitem destacar aspectos significativos da actividade desempenhada pela Igreja nos diversos países do mundo missionário. Ao serviço da "Missão ad gentes" trabalham cerca de 85 000 sacerdotes, dos quais 52 000 pertencem ao clero diocesano; 27 000 actuam na África, 44 000 na Ásia, 6000 na América, 5000 na Oceania e 3000 na Europa.
A actividade missionária recebe o apoio, além disso, de 28 000 religiosos não sacerdotes, 45 000 religiosas e 1,65 milhões de catequistas.
A Congregação para a Evangelização dos Povos promove actividades educacionais (cerca de 42 000 escolas), de saúde (1600 hospitais, mais de 6000 dispensários, 780 leprosários), de lazer e sociais.