Durante discurso de abertura da V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, o Papa Bento XVI foi bastante aplaudido pelos religiosos e leigos ao defender que, sem o conhecimento de Cristo, toda realidade se converte em um enigma indecifrável. Somente quem reconhece Deus pode conhecer de forma plena a atual realidade e responder a ela de modo adequado e realmente humano, defendeu o Santo Padre, em língua espanhola. “Quem exclui Deus de seu horizonte acaba falsificando o conceito de realidade e optando por caminhos equivocados e destrutivos.”
A cerimônia, realizada no Santuário Nacional de Aparecida neste domingo, 13, contou com a presença dos bispos delegados e 78 convidados de toda América Latina e Caribe, entre especialistas, diáconos, presbíteros, leigos e representantes de movimentos eclesiais. A solenidade de hoje, último compromisso oficial do Santo Padre no Brasil, inaugura os trabalhos que vão traçar as diretrizes da evangelização na América Latina e no Caribe. O pontífice parte às 18h50 rumo ao aeroporto internacional de São Paulo. Já os conferencistas ficarão reunidos em Aparecida até o próximo dia 31.
A riqueza da religiosidade popular latino-americana, manifestada nas mais diversas devoções, no amor ao Papa, na fé eucarística e no amor ao Cristo que sofre são, segundo o pontífice, o maior tesouro da Igreja Católica na América Latina. “A Igreja deve proteger o grande mosaico popular latino-americano. Deve promovê-lo e purificá-lo em tudo o que for necessário.” Ao falar sobre a riqueza das diversidades, Bento XVI afirmou que somente a verdade é capaz de unificar as culturas e viabilizar a verdadeira humanização. A globalização deve, segundo o pontífice, reger-se pela ética, sempre colocando-se a serviço da pessoa humana.
Tendências coletivas da modernidade, como o secularismo, o indiferentismo e o proselitismo de algumas seitas, foram citadas pelo Santo Padre como responsáveis por uma “debilidade da vida cristã.” O Papa convocou os religiosos e leigos presentes a educarem o povo na leitura e meditação da palavra de Deus. “É através dela que Cristo se dá a conhecer”, reforçou o pontífice.
Os meios de comunicação social também foram abordados por Bento XVI. “Não podemos nos limitar às homilias, aos cursos bíblicos ou de teologia, é preciso recorrer também aos meios de comunicação para comunicar eficazmente a mensagem de Cristo a um grande número de pessoas”, enfatizou.
Sobre a necessidade de levar o Evangelho ao povo sofrido da América Latina, o Santo Padre afirmou que “discipulado e missão são como que duas faces da mesma moeda”. Uma mensagem especial, em português, foi direcionada também às famílias, “patrimônio da humanidade”, aos jovens, criticando toda forma de vícios e de violência, aos leigos e vocacionados. “Vocês são chamados a levar ao mundo o testemunho de Jesus e ser fermento do amor de Deus na sociedade.”