O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, quer contar com soldados brasileiros na força de paz de 3 mil homens que precisa enviar a Darfur, no Sudão. Mas o Itamaraty vem resistindo à idéia, para evitar discutir a responsabilidade do governo sudanês na crise.
O cálculo do governo é de que precisa manter sua posição de diálogo com os países africanos para garantir seu eventual apoio na busca por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Depois de meses de negociação com o governo do Sudão, a ONU conseguiu sinal verde há uma semana para enviar tropas de paz à região. Mais de 200 mil pessoas já morreram em quatro anos de conflito em Darfur, onde milícias árabes apoiadas pelo governo sudanês combatem separatistas não-árabes.
Calcula-se em 2,5 milhões o número de refugiados. Dados coletados por representantes da ONU no Sudão indicam que o governo teria financiado milícias e, portanto, seria em parte responsável pelos massacres.
Com mais de 100 mil soldados pelo mundo, a ONU tem dificuldades para obter dos países membros a mobilização de novas tropas. Para a força de paz no Sudão, os assessores do secretário-geral multiplicam os encontros com governos considerados como centrais no fornecimento de soldados e o Brasil é um dos principais alvos.