O Natal é uma única solenidade que possui quatro celebrações distintas da Eucaristia, com leituras e orações próprias
Jéssica Marçal
Da Redação

Árvore de Natal e presépio no Santuário do Pai das Misericórdias em Cachoeira Paulista (SP) / Foto: Larissa Ferreira
Uma das celebrações mais alegres da Igreja Católica, onde o canto do “Glória” ilumina a noite e a esperança arde nos corações: nasceu o Menino Jesus. Nesta quarta-feira, 24, fiéis em todo o mundo se preparam para participar da Missa do Galo, que é uma das quatro celebrações para a Solenidade do Natal do Senhor.
A Igreja organiza seu ano litúrgico em cinco tempos: Advento, Natal, Tempo Comum, Quaresma e Páscoa. O assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Frei Luís Felipe Marques, OFMConv, explica que o ano litúrgico possui dois ciclos principais. O primeiro deles é o da Páscoa, que é o centro do ano e celebra a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. O segundo é o ciclo do Natal, que celebra a primeira vinda de Jesus.
“O Natal do Senhor é uma única solenidade que possui quatro celebrações distintas da Eucaristia que, na linguagem litúrgica, nós dizemos que são formulários próprios, que são a oração da coleta, sobre as oferendas, pós-comunhão e também com leituras próprias para cada uma dessas celebrações”.
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As quatro missas do Natal
Frei Felipe explicou cada uma dessas quatro celebrações que a Igreja possui para a solenidade do Natal. No dia 24, a primeira delas é a chamada “Missa da Vigília”, celebrada à tarde, onde o Natal é celebrado como promessa. Já à noite, os fiéis podem participar da tradicional “Missa do Galo”, que celebra enfaticamente o nascimento do Filho de Deus, evento histórico da salvação.
No dia 25 de dezembro, ao amanhecer, a chamada “Missa da Aurora” celebra a acolhida de todos os povos diante da encarnação do Senhor. E mais tarde, na “Missa do Dia”, a ênfase está no mistério da graça de Deus, aprofundando o sentido teológico do mistério da encarnação do Senhor.
“Fazendo uma síntese geral, podemos dizer que as quatro missas não se repetem, elas se complementam. (…) Deus, fazendo-se homem, permite que nós homens possamos estar sempre mais próximos d’Ele e sermos elevados, como diz o prefácio do Natal do Senhor, à eternidade de Deus. A celebração do Natal está envolta nesses quatro elementos principais, e por isso possui quatro missas específicas”, explicou o religioso.
O preceito desta solenidade – a participação obrigatória estabelecida pelas orientações da Igreja – pode ser cumprido em uma dessas quatro celebrações. Frei Felipe ressalta que, para além da observância do preceito, a importância está, de fato, na compreensão de que a vida litúrgica é necessária para a vida cristã.
“A Igreja oferece esse dom da vida litúrgica para nós, a fim de que possamos, ao vivenciar os mistérios do Senhor, aprender com Ele a ouvir uma palavra que salva, a viver um rito que nos faz melhores, a entrar num mistério que nos ajuda a compreender o evento como teologia, o fato como história, e colocarmos no hoje todos esses mistérios”.
Oitavas do Natal e tempo do Natal
Dada a importância do mistério da Encarnação, a Igreja prolonga a solenidade do Natal por oito dias, o que também acontece na Páscoa. É a chamada Oitava do Natal.
Frei Felipe explica que a proposta desse prolongamento é que a fé venha assimilada de forma progressiva, de modo que haja um entendimento litúrgico dessas celebrações, não apenas devocional.
E uma vez celebrada a solenidade, a Igreja vive o tempo litúrgico do Natal, que só termina com a Festa do Batismo do Senhor. Esse tempo litúrgico é marcado por várias celebrações especiais: a própria Solenidade do Natal, a Festa da Sagrada Família, a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, a Solenidade da Epifania do Senhor e a Festa do Batismo do Senhor.
“Este tempo litúrgico reafirma a fé cristã e educa a Igreja a ler a história como salvífica, a ler a vida cotidiana como um fato de que Deus está sempre pensando em nós. Revela para a Igreja e cada um de nós a necessidade de acolher e de manifestar Cristo ao mundo através do nosso testemunho cotidiano”, concluiu Frei Luís Felipe.




