AUDIÊNCIA COM RELIGIOSOS

Papa alerta contra tentação de trocar relações reais por conexões virtuais

Em audiência com participantes de assembleia sobre fé na era digital, Leão XIV reconheceu potencialidades da tecnologia e frisou relações verdadeiras como irmãos

Da Redação, com Vatican News

Foto: Evandro Inetti/ZUMA Press Wire via Reuters Connect

O Papa Leão XIV recebeu em audiência nesta quarta-feira, 26, os participantes da 104ª Assembleia da União dos Superiores Gerais (USG). Intitulado “Fé conectada: viver a oração na era digital”, o evento se estende até a sexta-feira, 28.

Durante seu discurso, o Pontífice pediu aos religiosos que encontrem a abordagem certa e a distância adequada em relação ao mundo digital. “Seria míope ignorar as extraordinárias oportunidades que oferece à comunhão e à missão, permitindo-nos alcançar pessoas distantes, chegar até mesmo àqueles que, por meios comuns, têm dificuldade em se aproximar de nossas comunidades”, afirmou.

O Santo Padre alertou, contudo, para a tentação de substituir as relações reais entre as pessoas por conexões virtuais. “São indispensáveis a presença, a escuta prolongada e paciente e a partilha profunda de ideias e sentimentos”, explicou, fazendo referência à exortação apostólica Christus vivit, publicada pelo Papa Francisco em 2019.

“Os instrumentos tradicionais de comunhão, como os Capítulos, os Conselhos, as Visitas canônicas e os momentos de formação, não podem ser relegados ao âmbito das conexões ‘à distância’”, enfatizou Leão XIV.

Dimensão pastoral

O Papa convidou a não aplicar um critério meramente pragmático, de conveniência e eficiência, quando está em jogo a dimensão pastoral. É preciso evitar a presunção de sentir-se gestor de muitos serviços e de deixar-se deslumbrar pelos holofotes da eficiência, entorpecidos pelos vapores do acordo.

O risco seria “parar ou transformar nossa caminhada de peregrinos numa corrida desordenada e desgastante, esquecida de sua fonte e de seu destino”. Nesse sentido, acrescentou o Pontífice, o Jubileu é uma ocasião preciosa para voltar ao que importa: “o coração ardente de Deus” que “guia e alimenta o nosso caminho pessoal e nossos percursos comunitários”.

Relação com Deus e com os irmãos

O Santo Padre salientou a importância de caminhar juntos, como comunidade. A Igreja, recordou, é “um sujeito comunitário e histórico da sinodalidade”, um organismo no qual “os laços são transfigurados em vínculos sagrados, em canais de graça”.

Diante disso, a primeira relação a ser cultivada é a relação com Deus. Por isso, acrescentou Leão XIV, a oração é fundamental na existência de cada consagrado como “espaço relacional no qual o coração se abre ao Senhor, aprendendo a pedir e a receber com confiança”.

Ao rezar, disse ainda o Papa, “testemunhamos o que realmente somos: criaturas necessitadas de tudo, abandonadas nas mãos providentes e boas do Criador”. Ele finalizou seu discurso exortando os presentes a aceitarem o desafio de integrar com equilíbrio as coisas novas e coisas antigas, “cuidando e cultivando a relação com Deus e com os irmãos, sem transcurar ou enterrar, por preguiça ou medo, os novos talentos que o Senhor coloca em nossas mãos”.

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