Tempo litúrgico

Advento lembra que é preciso estar pronto para encontrar Cristo, diz padre

Padre Anderson Marçal destaca que o convite da Igreja aos fiéis, neste tempo do Advento, é cultivar a esperança n’Aquele que “não passa”

Kelen Galvan
Da Redação

Foto: Erick Walker/Canção Nova

O tempo de espera marca o cotidiano humano — de uma compra ao resultado de um exame, de uma mudança aguardada à chegada de alguém. São expectativas muitas vezes breves e passageiras. Já o Advento, que se inicia neste domingo, 30, propõe um horizonte diferente: a Igreja convida os fiéis a voltar o olhar para Aquele que não passa e que, segundo a fé cristã, é capaz de preencher plenamente o coração humano: Jesus Cristo.

“Nós estamos nos preparando para a vinda do Senhor que vem a cada momento na nossa vida, a cada Eucaristia, a cada sacramento que participamos, mas a nossa esperança ainda é de ‘Céus novos e Terra nova’, como a própria oração deste ano pede. Então, é uma preparação para que nós possamos esperar aquele que virá e que não passará”, destaca o especialista em Liturgia e missionário da Comunidade Canção Nova, padre Anderson Marçal.

O sacerdote afirma ainda que essa expectativa própria do tempo do Advento se torna ainda mais significativa neste ano, em que se celebra o Jubileu da Esperança, instituído pelo Papa Francisco, no qual todos são chamados a ser “peregrinos da esperança”.

Esperança e vigilância

A expectativa pela segunda vinda de Cristo é justamente um dos aspectos do Advento e essa espera está intimamente ligada à vigilância. “Eu não sei o dia, nem a hora em que o Senhor virá. É como a parábola das dez virgens (cf. Mt 25, 1-13). Algumas delas estavam preparadas e as outras não. A espera é aquele anseio de encontrar, mas não adianta eu ter esse anseio de querer encontrar, se eu não tenho a preparação para este encontro”, aponta o especialista em Liturgia.

Padre Anderson faz uma analogia a essa espera com a preparação para receber uma visita: mesmo sem saber o dia ou a hora exata, ninguém aguardaria alguém sem antes arrumar a casa. “Da mesma maneira, a vigilância é deixar tudo preparado para que eu não seja pego de surpresa”, explica. Segundo o sacerdote, a esperança cristã tem essa característica, de “esperar por aquilo que já foi dado”. “Eu espero pela realização daquilo que o Senhor me prometeu. O Senhor é o ‘caminho, a verdade e a vida’ (cf. Jo 14,6). Aquilo que Ele fala vai acontecer, porém Ele nos deixou inconscientes da data de sua vinda derradeira, justamente para que não ficássemos prontos somente na véspera, mas para que pudéssemos ficar prontos sempre”.

Dessa forma, o presbítero ressalta que o encontro com o Senhor pode ocorrer a qualquer momento — seja na “segunda vinda de Cristo” ou na própria morte, que também conduz ao encontro definitivo com Deus.

Advento e Quaresma: tempos de vivências diferentes

Apesar da cor litúrgica do Advento ser a roxa – a mesma da Quaresma, padre Anderson explica que a maneira de viver estes dois períodos é diferente. Segundo ele, o Advento traz a certeza do Natal e, por isso, este tempo deve ser vivido com uma “profunda intimidade com Deus” e uma “alegria profunda”. Ele sublinha que esta alegria é expansiva, de quem espera o Senhor e está feliz, se preparando para encontrá-Lo.

Ele recorda do exemplo dos mártires, que caminhavam para o martírio, não tristes ou cabisbaixos, mas com a certeza de que estavam próximos a esse encontro. “Se eu tenho a certeza deste Deus que é amor, que é misericórdia, e eu tenho a consciência tranquila de que eu estou também fazendo a minha parte, então não posso entristecer-me. Eu tenho que viver esse tempo com muita alegria e esperança, na certeza de que o Senhor virá”.

Origem do Advento

A origem do Advento remonta aos primeiros séculos do Cristianismo, quando era vivido como um período de preparação para o Natal, “a chegada de nosso Senhor”, explica o especialista em Liturgia. Inicialmente, porém, o foco estava sobretudo na Epifania e nos batismos — já que, na Igreja antiga, havia dois períodos fortes de preparação para os novos cristãos: a Quaresma, em vista da Páscoa, e o Advento, em vista do Natal.

“Desde os primeiros séculos existia esse tempo caracterizado de penitência e oração, para uma melhor preparação para os novos cristãos. E a partir do século VI, a Igreja solidifica o calendário litúrgico e essa preparação para o Natal é formalizada como ‘Advento’ (do latim adventus (‘vinda’)), isso é ‘a espera daquele que há de vir'”, finaliza.

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