ESPECIAL 30 ANOS

Da WebTV ao CN Plus: a caminhada da Canção Nova no streaming

WebTv foi outro passo da Canção Nova na evangelização pela internet de 2004 a 2013, abrindo caminho para o que hoje é o CN Plus

Thiago Coutinho
Da redação

Equipes que trabalharam com a antiga WebTV da Canção Nova / Fotos: Arquivo Pessoal

Nos anos 2000, o que viria a se tornar o sistema de streaming (ou vídeo sob demanda) como conhecemos hoje ainda era um conceito quase desconhecido. À época, especificamente em 2004, a Canção Nova resolveu investir neste segmento. Se a ideia de transmissão de conteúdo audiovisual pela internet ainda engatinhava, imagine evangelizar. Nascia, assim, a WebTv, outro passo da Canção Nova na evangelização pela internet e que existiu de 2004 a 2013.

Quem teve uma intuição de que o futuro estava ali, na internet, foi ninguém menos do que Monsenhor Jonas Abib. “Padre Jonas intuiu que aquilo ali era, de fato, o futuro do processo da evangelização, no caminho da evangelização pelos meios de comunicação, e deu apoio para que iniciássemos esses primeiros trabalhos”, recorda Alexon Souza, atual responsável pela missão da Canção Nova em Belo Horizonte e que ajudou a tirar o projeto do papel. Quem, à época, deu suporte a esta empreitada foi o missionário Jorge Aparecido, que antes de ingressar na Canção Nova já atuava no setor de Tecnologia da Informação.

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Além de o setor estar muito “cru”, havia ainda a falta de recursos para levar o projeto adiante. “Foi um trabalho de pesquisa grande, porque nós também não tínhamos muitos recursos, era tudo ainda muito primário dentro daquilo que era necessário para a gente poder iniciar um trabalho. Foi um processo de confiar e aprender, porque para nós também era uma grande novidade”, afirma Souza.

O pioneirismo veio também do fato de que não havia ninguém, naqueles tempos, evangelizando desta maneira na rede mundial de computadores. “Eram grandes desafios, íamos tateando, fazendo experiências, verificando o que dava certo, o que não dava, ajustando o caminho para que a gente pudesse crescer e oferecer cada vez mais para as pessoas essa possibilidade de adentrar dentro desse universo, que como eu falei, ainda era muito tímido”, relembra Souza.

A WebTV da Canção Nova levou a evangelização pela internet de 2004 a 2013 / Foto: Arquivo Pessoal

Gargalos tecnológicos

Desde a captação e codificação do sinal até a entrega ao usuário final, o processo para produção deste conteúdo audiovisual era repleto de “soluções caseiras”.

Sem uma instalação específica, a equipe passou a funcionar no mesmo departamento de call center da Canção Nova. Uma equipe de sete pessoas tentava descobrir como levar a Palavra de Deus num cenário desconhecido até então. “O que facilita muito é que, para internet, você não precisa de ferramentas muito aprimoradas. As coisas [que utilizavam] normalmente eram o que sobrava do que usávamos para fazer as nossas produções. E a facilidade também de podermos ter esse conhecimento de quantidade de acesso, de tempo, de vídeo, de tudo isso. Isso foi muito utilizado no início, que a gente conseguia ter essas ferramentas de métrica, para até também ir nos balizando o que estava funcionando e o que não estava”, detalha Souza.

Embora a Canção Nova incentivasse e apostasse na equipe, era necessário também muita criatividade para trazer esse conteúdo à vida na Internet. Era aproveitado material de outros programas e, assim, moldavam o que seria veiculado pela internet. “A programação que era da tevê não cabia dentro da internet naquele momento, não tinha possibilidade dessa utilização. Então, era mesmo a geração de conteúdos breves, curtos, que era um formato totalmente inovador, porque tudo que a gente fazia tinha no mínimo 15 minutos, meia hora, no caso da TV. E a gente precisou começar a fazer conteúdos e conseguir passar uma mensagem em 30 segundos, 15 segundos, isso foi um grande desafio na época”.

Sendo assim, a curadoria para o que seria veiculado limitou-se às pregações: segundo Souza, seria mais fácil dar continuidade neste formato. “Então, do conteúdo que não era produzido por nós, o primeiro a entrar foram essas pregações”, lembra. “E nós prezávamos muito para a criação de conteúdo específico para internet, em função do tempo, da linguagem, até da própria dinâmica de câmera. O conteúdo que produzíamos eram coisas feitas por nós para respeitar as regras necessárias para a produção de conteúdo voltados à internet”.

“Foi um trabalho de pesquisa grande, porque nós também não tínhamos muitos recursos”, disse Alexon Souza / Foto: Arquivo Pessoal

As primeiras reações

No início, esse trabalho de levar a evangelização ao mundo virtual numa época em que nem todas as pessoas tinham acesso à internet gerou desconfiança. “O público interno, com certo estranhamento, porque era uma novidade, não entendia direito, a maioria não conseguia ter ainda acesso. E até mesmo as pessoas que a gente convidava, às vezes para poder participar dos nossos programas, dos programas que a gente fazia, havia uma certa desconfiança ali dentro dessa eficácia mesmo do trabalho de evangelização pela internet”, conta Souza.

Mas o empenho em algo tão inovador também fez com que outros fiéis e espectadores de outras partes do mundo prestassem atenção no que era feito aqui. “A gente já começava a colher também os frutos que são próprios dessa realidade da internet, porque começamos a receber pessoas de outros países que estavam podendo acessar o material e o conteúdo da Canção Nova por conta dessa realidade do meio, que não trazia limites de lugar, de espaço, não dependia de uma antena, de uma televisão, não dependia do canal de assinatura. Então, isso nos deu motivação”, defende.

Enfim, nas ondas do streaming

Em 2023, a Canção Nova chegou de vez ao streaming com seu canal, o CN Plus. Em dois anos desde sua chegada, o canal já arregimenta 300 mil usuários cadastrados — a Canção Nova não cobra o acesso ao seu material em streaming. Seu catálogo conta com 12 mil títulos, “um acervo muito maior que as ‘gigantes’ do mercado, que mantêm entre 9 mil e 10 mil títulos”, afirma Flavio Crepaldi, que, no Sistema Canção Nova de Comunicação, é responsável pelo CN Plus.

Equipe improvisando durante a produção da WebTv / Foto: Arquivo Pessoal

Crepaldi afirma que os acessos mensais e o tempo médio que o usuário passa no CN Plus também têm crescido exponencialmente. “A palavra chave para a produção de conteúdo, seja ele confessional ou não, no mundo atual é acessibilidade”, prossegue Crepaldi. “O usuário quer ter à sua disposição, e da maneira mais simples e fácil possível, o seu conteúdo preferido.”, acrescenta. 

Para Crepaldi, ainda que o Youtube siga sendo a principal plataforma de vídeos no mundo, levar a Canção Nova aos serviços de streaming foi a maneira de fazer com que o desejo do Monsenhor Jonas fosse concretizado: oferecer o conteúdo da Canção Nova a todas as pessoas em qualquer parte do planeta.

“O CN Plus colocou toda a evangelização da Canção Nova — passado e ‘ao vivo’ — na palma da mão daqueles que amam esta comunicação. O Padre Jonas tinha o sonho de que a TV Canção Nova alcançasse cada município do Brasil, hoje, o conteúdo da TV, da Rádio e da Internet, por meio do CN Plus alcança qualquer lugar do mundo onde exista conexão para a internet”, frisa.

Olhando para o futuro do consumo de mídia e a evolução das tecnologias de streaming, Crepaldi já consegue vislumbrar os próximos passados da Canção Nova em termos de expansão. O objetivo é implementar ferramentas digitais para sustentar e multiplicar a evangelização em um ambiente cada vez mais fragmentado de atenção.

“O futuro do streaming, da radiodifusão e de toda nova tecnologia são convergentes”, pondera. “Toda inovação será colocada à disposição para o consumo e a criação de conteúdo pelos usuários e, desta forma, se o meio utilizado para isso é a internet com fio ou sem fio, 5G, 6G, satélite ou cabo submarino, é irrelevante para o usuário/criador final”.

E prossegue. “Não importa que a comunicação atual seja um gigante quebra-cabeças de bilhões de peças, toda imagem possui um (ou alguns poucos) ponto(s) focal(is). É o lugar de destaque, é o que chama a atenção no meio do caos visual. O ponto focal da comunicação sempre foi e sempre será o conteúdo, como o ponto focal da gastronomia é o sabor. Trago a comparação para ficar claro que o sabor é fundamental, mas sabor com beleza, cuidado, maestria na apresentação, nutritivo e servido na hora certa, é muito melhor. Pense, sob esta ótica, sobre a comunicação e o conteúdo… e com tecnologia, costuma ser ainda melhor”, finaliza.

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