Especial 30 anos

Os desafios do pioneirismo no Portal Canção Nova: "Aprendemos juntos"

“Nunca é fácil começar quando não se tem referências. Fomos aprendendo juntos a realizar a missão”, conta a atual gerente do Portal Canção Nova, que também atuou nos primórdios da página 

Thiago Coutinho
Da redação

Algumas versões de capa do Portal Canção Nova ao longo dos anos / Foto: Montagem

 

Há três décadas, a Canção Nova dava um passo definitivo em direção à evangelização por meio da internet: o desenvolvimento do Portal Canção Nova. Ainda no meio da década de 1990, o cenário tecnológico no que se refere à comunicação era uma semente perto do que existe atualmente. Até chegar ao que é hoje, o Portal passou por inúmeras mudanças, seja em termos de layout, equipe ou aquisição de equipamentos. Uma meta, porém, sempre se manteve: evangelizar.

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O Portal, atualmente, conta com mais de 10 canais temáticos variados, como Eventos, Formação, Notícias, Liturgia, mas no início se limitava a divulgar a programação da TV Canção Nova.

Em 2000, com o lançamento do endereço “cancaonova.com”, acrescentaram-se espaços como previsão do tempo, shopping virtual, notícias e webmail. Dois anos mais tarde, percebeu-se a necessidade de ter algo mais voltado ao fundador da Canção Nova, padre Jonas Abib. “As pessoas buscavam informações sobre ele e  suas pregações. E assim [o Portal] foi sendo estruturado, por meio daquilo que o usuário buscava”, informa a atual gerente do Portal Canção Nova, Willieny Isaías Casagrande, missionária que também atuou no portal nos primórdios da página.

Willieny durante cobertura para o Portal Canção Nova / Foto: Arquivo Canção Nova

A partir deste ponto, o Portal recebeu novas ramificações e se estruturou. O acampamento PHN, por exemplo, ganhou um espaço mais completo, com informações acerca do evento, inclusive com pregações cronológicas. “Com o passar dos anos, fomos entendendo o que as pessoas buscavam e aprimoramos [o material que compunha o Portal]”.

O desafio do pioneirismo

“Nunca é fácil começar quando não se tem referências. Fomos aprendendo juntos a realizar a missão.”

Willieny Isaías Casagrande

Havia um empenho de toda a equipe para que a Canção Nova erguesse seu espaço na rede mundial de computadores. O que não havia, porém, era uma referência para entender como fazer isso. “A Canção Nova não tinha referências porque ela foi pioneira”, acrescenta Willieny. “Nunca é fácil começar quando não se tem referências. Fomos aprendendo juntos a realizar a missão. O Jorge Aparecido [missionário que desencadeou a entrada da Canção Nova no ambiente digital] tinha conhecimento e ia ensinando como fazer, ele entendia como funcionava e nos ensinava”.

“Fazíamos de tudo”, lembra a missionária Elcka Torres, que integrou a equipe de produção do Portal por 13 anos a partir de 2006. “Escrevíamos as matérias, fotografávamos, fazíamos a edição das fotos, atualizávamos o site, que na época era todo em HTML [linguagem para estruturar o conteúdo de páginas da web]. Não existiam as facilidades de hoje. Tudo era feito manualmente, com recursos limitados, e mesmo assim, a evangelização acontecia com muita criatividade e entrega”, ressalta.

Em uma época em que a internet ainda engatinhava no país, Willieny recorda que a vontade de evangelizar pela rede era vista com desconfiança pelas pessoas. “A internet não estava em todos os lugares como hoje. Jorge [Aparecido] conta que muitas pessoas desacreditavam desse seu intento de evangelizar pela Internet, mas levou a proposta ao Eto [Wellington da Silva Jardim] que era administrador da Fundação João Paulo II, que, com muito afinco, abraçou e hoje estamos aqui celebrando 30 anos”, orgulha-se.

Apesar dos desafios, ambas concordam que poder evangelizar também pelo meio digital era algo gratificante. “Em pouco tempo, chegamos a registrar mais de 60 mil acessos diários e ultrapassamos 1,5 milhão por mês, tornando-nos referência como o maior portal católico do país. Foi um tempo de muito aprendizado”, observa Elcka. “O mais bonito é que, mesmo com toda a correria, sabíamos que cada matéria publicada podia alcançar alguém que precisava de uma palavra de esperança. Essa consciência fazia cada atualização valer a pena”, pondera.

Elcka Torres trabalhou por 13 anos no Portal Canção Nova a partir de 2006 / Foto: Arquivo Portal Canção Nova

Com o passar do tempo, a equipe do Portal começou a perceber o que o público buscava. “As pessoas queriam companhia espiritual, notícias da Igreja. Elas queriam rezar conosco, entender melhor a fé, encontrar conteúdo confiável e, de alguma forma, sentir-se parte da missão Canção Nova”.

Transição e aprimoramento

O acesso à internet mudou muito ao longo das décadas: dos computadores desktop aos notebooks e telefones móveis. Os envolvidos com o desenvolvimento do Portal acompanharam de perto essas mudanças ao longo desses 30 anos.

“Não existiam as facilidades de hoje. Tudo era feito manualmente, com recursos limitados, e mesmo assim, a evangelização acontecia com muita criatividade e entrega.”

Elcka Torres

“Desde 1995, acompanhar a evolução da internet foi como assistir a uma revolução constante”, detalha Willieny. “Dos sites estáticos em HTML simples aos portais dinâmicos e interativos atuais, passando pela chegada da banda larga e dos dispositivos móveis, que transformou a forma de criar e consumir conteúdo. Ferramentas de CMS e plataformas intuitivas substituíram a programação manual, facilitando a publicação”.

Atualmente, Willieny explica que a análise de dados e o design responsivos dos sites (que conseguem adaptar o layout para diferentes tipos de telas, como celulares, tevês ou notebooks) são fatores necessários. “Hoje, criar e gerir um site é mais acessível, ágil e estratégico do que nunca. Você não imagina o trabalho que dava para colocar uma foto no site, ter uma galeria de fotos, então. Até mesmo os recursos de formatação de textos eram manuais! Você tinha que colocar os códigos de HTML para ter um negrito, itálico, parágrafo. Além de ser produtor de conteúdo, tínhamos que saber também o básico de programação”, detalha.

“O verdadeiro salto aconteceu em 2000, com o lançamento do domínio ‘www.cancaonova.com'”, diz Elcka. “Ali, o portal ganhou estrutura, identidade visual e novos canais de conteúdo. Foi quando percebemos que o alcance do nosso trabalho estava tomando proporções muito maiores do que imaginávamos”.

Nesta época, a missionária lembra que os registros de acesso ao site vinham de todo o país — e de fora também. “As pessoas começaram a acessar de todos os lugares para acompanhar nossos conteúdos, participar do chat, pedir oração e buscar formação espiritual. Foi um tempo de muito aprendizado”.

Em 2005, a Canção Nova celebrava uma década de evangelização pela rede mundial de computadores. Havia, então, uma equipe mais estruturada e profissionalizada, o que levou a altos índices de audiência. “Chegamos à marca de 26 mil acessos em um único dia”, vibra Willieny.

Redes sociais

Ainda na década de 2000, surgiram as redes sociais, fenômeno que foi ficando cada vez mais presente na vida dos internautas e propagou na internet um novo conceito de interação virtual. MySpace, Orkut, Facebook e Twitter (atual X) são alguns dos principais nomes que surgiram — alguns deles  já extintos, inclusive. O fato é que estes novos meios dentro da internet potencializaram e aproximaram a relação com internautas e a maneira de evangelizar.

“Eu me recordo que, quando o Twitter chegou, passamos a utilizá-lo para falar com nosso público. Ali, a gente fazia promoções, sorteios, lives. Nossa missão não se resumia apenas no cancaonova.com. Onde há gente interagindo, a gente vai para levar a Palavra de Deus”, assegura Willieny.

Essa aproximação com o público fez com que a percepção de referência da Canção Nova entre os fiéis católicos ficasse mais clara. “Começaram a nos citar em outros meios, a usar nossas matérias em paróquias e grupos de oração, e até a nos procurar como fonte de informação sobre a Igreja. Viam o portal ser reconhecido como um espaço seguro e autêntico de evangelização. A internet deixou de ser apenas um meio técnico e se tornou, para nós, um verdadeiro campo missionário”, aponta Elcka.

Em meio a todos esses avanços tecnológicos, o objetivo da Canção Nova segue sendo tornar esse elo com Deus mais real do que artificial. “Nosso grande desafio é não tornar a nossa comunicação artificial. Precisamos da graça do Espírito Santo, que permite ver as coisas com os olhos de Deus, compreender os vínculos, as situações, os acontecimentos, descobrir o seu sentido, e aí comunicar. Usar a tecnologia como meio, e não como um fim em si mesma”, finaliza Willieny.

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