A medicina avança e, com ela, se renovam os sinais da presença divina que inspira a ciência e a esperança. Em Londres, um tratamento de estimulação cerebral contra o mal de Parkinson surpreendeu médicos e paciente com seus resultados.
Reportagem de Wallace Andrade
Imagens de Reuters
Centro cirúrgico do King ‘s College Hospital em Londres. Perceba que a equipe médica opera o cérebro enquanto a paciente Denise Bacon está acordada.
“A operação que fizemos em Denise é chamada de estimulação cerebral profunda, um processo em que inserimos fios muito finos de 1 mm de diâmetro nas profundezas do cérebro, responsáveis pelo controle dos movimentos. Por isso, costumamos realizar essas cirurgias com a paciente acordada para podermos avaliá-la durante o procedimento”, explicou o neurocirurgião, Keyoumars Ashkan.
O que mais impressiona é que durante a cirurgia Denise Bacon recebe nas mãos um clarinete. E olha só o que acontece.E depois desse pequeno recital para um seleto grupo de espectadores, a paciente volta para casa com uma imensa satisfação. “Estou muito feliz por conseguir tocar clarinete novamente. Há um período de recuperação que precisa ser feito após a operação. Estou recebendo mais e mais estímulos e posso ver que ao tocar clarinete estou melhorando gradualmente”, expressou a paciente com Parkinson, Denise Bacon.
Tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e dificuldade de equilíbrio. Sintomas do mal de Parkinson, uma doença neurodegenerativa provocada pela redução de dopamina no cérebro e descoberta em 1817 pelo médico inglês James Parkinson. Mais de 200 anos se passaram e até hoje a medicina ainda não encontrou a cura para o problema.
O neurocirurgião de Denise Bacon não esconde a realidade da doença, mas comemora que o tratamento ajuda a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da paciente. “Normalmente, quando fazemos essas cirurgias, observamos a velocidade dos movimentos, a melhora da rigidez e também o desaparecimento do tumor durante a cirurgia. No caso da Denise, ela não recuperou totalmente a qualidade de vida, mas o procedimento alcançou objetivos claros, um deles, o de poder voltar a tocar clarinete”, apontou o médico.
Os avanços da medicina ainda vão seguir por caminhos desconhecidos, mas o que se sabe ao certo é que os dons, se usados a favor da vida, cumprem a beleza e a essência da criação. “É simplesmente incrível ver e sentir meus dedos se movendo melhor e mais rápido, influindo mais”, concluiu Denise.




