JUBILEU DOS CATEQUISTAS

Educar na fé é plantar a palavra da vida para que dê frutos, afirma Papa

Em sua homilia na Missa por ocasião do Jubileu dos Catequistas, Leão XIV refletiu sobre importância da transmissão da fé, realizada pelo testemunho

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Leão XIV acena para fiéis reunidos na Praça São Pedro / Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

O Papa Leão XIV celebrou a Missa neste domingo, 28, por ocasião do Jubileu dos Catequistas. Cerca de 50 mil fiéis participaram da celebração em que houve ainda a instituição de 39 ministros da catequese.

Em sua homilia, o Pontífice refletiu sobre o Evangelho deste 26º Domingo do Tempo Comum (Lc 16,19-31). Nele, Jesus conta aos fariseus uma parábola, na qual há um pobre, chamado Lázaro, e um homem rico. Enquanto o homem rico vestia roupas finas e fazia festas todos os dias, Lázaro, cheio de feridas, permanecia no chão à porta do rico e desejava matar a fome com as sobras que caíam.

O Santo Padre pontuou, porém, que o Senhor vê o coração dos homens. “Lázaro é esquecido por quem está à sua frente, mesmo à porta da casa, mas Deus está perto dele e lembra-se do seu nome. Não tem nome, porém, o homem que vive na abundância, porque se perde a si mesmo, esquecendo-se do próximo. Está perdido nos pensamentos do seu coração, cheio de coisas mas vazio de amor. Os seus bens não o tornam bom”, expressou.

Leão XIV sinalizou que esta história é muito atual e infelizmente, às portas da opulência, povos inteiros sofrem com a miséria, a guerra e a exploração. “Com o passar dos séculos, parece que nada mudou: quantos Lázaros morrem diante da sofreguidão que esquece a justiça, do lucro que espezinha a caridade, da riqueza cega diante da dor dos miseráveis”, lamentou.

Dar-se a si mesmo pelo bem de todos

Prosseguindo com a parábola, Jesus conta que o homem rico e Lázaro morreram. Enquanto o primeiro foi para a região dos mortos, o segundo foi levado pelos anjos para junto de Abraão. “O Evangelho assegura que os sofrimentos de Lázaro têm um fim. As suas dores terminam, tal como terminam os festins do rico, e Deus faz justiça a ambos”, observou o Papa, acrescentando que, “sem se cansar, a Igreja anuncia esta palavra do Senhor, para que converta os nossos corações”.

O Pontífice recordou a homilia do Papa Francisco durante o Jubileu dos Catequistas no Ano Santo da Misericórdia, sobre este mesmo trecho do Evangelho. Ele citou que seu predecessor havia destacado como Deus redime o mundo de todo o mal, dando a Sua vida pela nossa salvação. “A Sua ação é o início da nossa missão, porque nos convida a darmo-nos a nós mesmos pelo bem de todos”, acrescentou.

Tal dimensão está relacionada a uma súplica feita pelo homem rico a Abraão, pedindo que enviasse Lázaro para avisar os seus irmãos sobre seu destino para que se arrependam a tempo. O Santo Padre pontuou que a resposta de Abraão – “se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos” (Lc 16,31) – não tem o intuito de desiludir ou desanimar, mas despertar a consciência.

“O Evangelho anuncia-nos que a vida de todos pode mudar, porque Cristo ressuscitou dos mortos. Este acontecimento é a verdade que nos salva: por isso, deve ser conhecida e anunciada. Mas não basta. Deve ser amada: é este amor que nos leva a compreender o Evangelho, porque nos transforma, abrindo o coração à palavra de Deus e ao rosto do próximo”, declarou.

Educar na fé

Leão XIV dirigiu-se então aos catequistas, chamando-os de “discípulos de Jesus que se tornam suas testemunhas”. Ele explicou que a palavra “catequese”, de origem grega, significa “instruir de viva voz”, “fazer ressoar”. Desta forma, “o catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a própria vida”.

Os primeiros catequistas são os pais, apontou o Papa, que são os primeiros a falar à criança e a ensiná-la a falar. “Assim como aprendemos a nossa língua materna, também o anúncio da fé não pode ser delegado a outros, mas acontece no lugar onde vivemos. Em primeiro lugar, nas nossas casas, à volta da mesa: quando há uma voz, um gesto, um rosto que conduz a Cristo, a família experimenta a beleza do Evangelho”, complementou.

O Pontífice salientou o valor da transmissão da fé, sublinhando que todos foram educados através do testemunho daqueles que acreditaram primeiro. “Enquanto crianças, adolescentes, jovens, depois como adultos e também como idosos, os catequistas acompanham-nos na fé, partilhando um caminho constante”, sinalizou. “Quando educamos na fé, não damos uma lição, mas plantamos no coração a palavra da vida, para que ela dê frutos de vida boa”, acrescentou.

Ao concluir a homilia, o Santo Padre frisou que ninguém dá o que não tem. Neste contexto, alertou os fiéis para a ganância e a indiferença, ruína do homem rico no Evangelho. “Os muitos Lázaros de hoje recordam-nos a palavra de Jesus, tornando-se para nós uma ainda mais eficaz catequese durante este Jubileu, que é para todos tempo de conversão e perdão, de empenho pela justiça e de busca sincera da paz”, finalizou.

Após a Missa, o Papa Leão XIV fez o tradicional “giro do papamóvel” pela Praça São Pedro / Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

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