INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Santa Sé pede moratória sobre armas em debate da ONU sobre IA

O Arcebispo Paul Gallagher pede uma moratória sobre armas autônomas letais e destaca a necessidade de uma abordagem centrada no ser humano para a IA

Dom Paul Richard Gallagher / Foto: Yuri Kochetkov – Pool via Reuters

Da redação, com Vatican News

A necessidade de medidas urgentes para garantir que o rápido desenvolvimento da inteligência artificial (IA) permaneça ancorado no respeito à dignidade humana e direcionado ao bem comum esteve no centro do discurso do Arcebispo Paul Richard Gallagher no Conselho de Segurança da ONU, durante um debate sobre Inteligência Artificial e Paz e Segurança Internacionais.

Em seu pronunciamento nesta quarta-feira, 25, o Secretário do Vaticano para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais alertou que, embora a IA tenha o potencial de promover a paz, o desenvolvimento e os direitos humanos, ela também apresenta sérios riscos quando desvinculada de considerações éticas.

“A revolução digital, particularmente no campo da IA, está tendo um profundo impacto em áreas como educação, emprego, arte, saúde, governança, forças armadas e comunicação”, disse o Arcebispo Gallagher. Ele observou que essas inovações podem contribuir para a concretização das mesmas aspirações que inspiraram a fundação das Nações Unidas há 80 anos.

Ao mesmo tempo, ele alertou: “se o desenvolvimento e o uso da IA ​​não estiverem firmemente ancorados no respeito pela dignidade humana e na busca do bem comum, eles correm o risco de se tornarem instrumentos de divisão e agressão, com o potencial de alimentar mais conflitos”.

Apelo por uma moratória sobre Armas Autônomas Letais

Entre as preocupações mais urgentes levantadas estava a implantação de sistemas de armas autônomas letais (LAWS, sigla em inglês), que o Arcebispo descreveu como suscitando “graves preocupações jurídicas, de segurança, humanitárias e éticas para a comunidade internacional, por não possuírem a capacidade humana única de julgamento moral e tomada de decisões éticas”.

Por esta razão, afirmou, “a Santa Sé apoia firmemente a adoção de uma moratória imediata sobre o desenvolvimento ou uso de SALA, bem como um instrumento juridicamente vinculativo.

Riscos de uma corrida armamentista impulsionada pela IA

O Arcebispo Gallagher também destacou os perigos de uma corrida armamentista emergente envolvendo a integração de IA em sistemas militares, incluindo ativos espaciais e sistemas de defesa antimísseis. Tais tendências, afirmou ele, correm o risco de “alterar a natureza das armas e da guerra, criando um nível de incerteza sem precedentes, devido à possibilidade de erros de cálculo”.

Particularmente preocupante, alertou, é a perspectiva de a IA ser incorporada às estruturas de comando e controle nuclear. “Isso introduz novos riscos desconhecidos que vão muito além da lógica já frágil e moralmente preocupante da dissuasão nuclear”, afirmou.

Uma Abordagem Centrada no Ser Humano

Assim, o representante da Santa Sé instou o Conselho de Segurança a assumir sua responsabilidade de monitorar de perto o progresso científico e tecnológico, garantindo que os debates sobre paz e segurança levem em consideração tanto as oportunidades quanto os perigos.

“Para abordar essas questões urgentes, a Santa Sé apela a uma abordagem centrada no ser humano para o desenvolvimento e o uso de tecnologias emergentes”, afirmou.

“Também deve reconhecer que certas aplicações, como a tecnologia que substitui o julgamento humano em questões de vida e morte, cruzam fronteiras invioláveis ​​que jamais devem ser violadas.”

Concluindo sua intervenção, o Arcebispo Gallagher lembrou aos delegados que a cooperação internacional é essencial para evitar que a IA se torne um motor de divisão ou destruição. Em vez disso, afirmou, ela deve ser orientada a serviço da humanidade, da paz e da justiça.

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