Leão XIV abriu o novo ano pastoral da diocese de Roma com discurso em que abordou a necessidade de uma pastoral solidária que acolha a todos
Da Redação, com Vatican News

Papa discursa na abertura do Ano Pastoral da Diocese de Roma / Foto: VATICAN MEDIAIPA/Sipa USA via Reuters Connect
É urgente uma pastoral solidária, que saiba acolher a todos. Palavras do Papa Leão XIV no discurso de abertura do Ano Pastoral da Diocese de Roma nesta sexta-feira, 19. Ele participou da assembleia diocesana realizada na Basílica de São João de Latrão.
Leão XIV agradeceu aos presentes pela alegria de seu discipulado e pelo trabalho pastoral realizado. Ele observou que, através do processo sinodal, o Espírito suscitou a esperança de uma renovação eclesial, capaz de revitalizar as comunidades, para que cresçam na proximidade a Deus e na presença do serviço e do testemunho no mundo.
O Pontífice lembrou que a Igreja é chamada a ser canal privilegiado para que a água viva do Espírito possa chegar a todos. Isso requer a exemplaridade do povo santo de Deus. “Como sabemos, sacramentalidade e exemplaridade são dois conceitos-chave da eclesiologia do Concílio Vaticano II e da hermenêutica do Papa Francisco”.
A participação ativa na Igreja
A partir do Sínodo, cabe agora trabalhar para que a Igreja que vive em Roma se torne um “laboratório de sinodalidade”, expressou o Papa, capaz de realizar as “obras do Evangelho” num contexto eclesial marcado por vários desafios. Em especial, numa cidade que precisa de profecia.
De acordo com o Papa, uma Igreja sinodal em missão precisa valorizar os dons de cada um e compreender o papel da liderança como um exercício pacífico e harmonioso. “O dinamismo sinodal deve ser nutrido nos contextos reais de cada Igreja local”, disse ainda o Pontífice, ressaltando que isso significa “trabalhar pela participação ativa de todos na vida da Igreja”.
Os organismos de participação são, nesse sentido, um instrumento para fortalecer a visão de uma Igreja sinodal e missionária, indicou o Santo Padre. Eles ajudam o Povo de Deus a exercer plenamente sua identidade batismal, fortalecem o vínculo entre os ministros ordenados e a comunidade e orientam o processo desde o discernimento comunitário até as decisões pastorais. “Por isso, convido-os a reforçar a formação de organismos de participação e, a nível paroquial, a rever os passos dados até agora ou, onde tais organismos não existam, a compreender quais são os obstáculos para poder superá-los”, sublinhou.
Cuidar da relação entre iniciação cristã e evangelização
Ainda no discurso, Leão XIV mencionou três objetivos a serem perseguidos com estilo sinodal. O primeiro é cuidar da relação entre iniciação cristã e evangelização, “tendo em mente que a solicitação dos sacramentos está se tornando uma opção cada vez menos praticada”. “Nesta perspectiva, é necessário cuidar com delicadeza e atenção daqueles que expressam o desejo do Batismo na adolescência e na idade adulta. Os escritórios do Vicariato responsáveis por isso devem trabalhar com as paróquias, tendo especial cuidado com a formação contínua dos catequistas”, sublinhou.
O segundo objetivo é o envolvimento dos jovens e das famílias. Segundo Leão XIV, é “urgente estabelecer uma pastoral solidária, empática, discreta, sem julgamentos, que saiba acolher a todos e propor percursos mais personalizados possíveis, adequados às diferentes situações de vida dos destinatários. Como as famílias têm dificuldade em transmitir a fé e podem ser tentadas a fugir dessa tarefa, devemos procurar acompanhá-las sem nos substituirmos a elas, tornando-nos companheiros de caminho e oferecendo instrumentos para a busca de Deus”.
Necessidade de formação
O terceiro e último objetivo é a formação em todos os níveis. “Vivemos uma emergência educativa e não devemos nos iludir que a simples continuação de algumas atividades tradicionais manterá vivas as nossas comunidades cristãs. Elas devem se tornar generativas: ser um ventre que inicia para fé e um coração que procura aqueles que a abandonaram.”
O Pontífice enfatizou que as paróquias precisam de formação e, onde não existem, seria importante incluir cursos bíblicos e litúrgicos. Isso “sem transcurar as questões que ressoam nas gerações mais jovens, mas que nos dizem respeito a todos: a justiça social, a paz, o complexo fenômeno das migrações, o cuidado da criação, o exercício adequado da cidadania, o respeito na vida de casal, o sofrimento mental e as dependências, e muitos outros desafios”.
Leão XIV concluiu seu discurso com a imagem do trecho bíblico da samaritana, em que ela foi contar aos outros o que aconteceu e eles vão até Jesus e chegam à profissão de fé. “Estou certo de que também na nossa diocese, o caminho iniciado e acompanhado nos últimos anos nos levará a amadurecer na sinodalidade, na comunhão, na corresponsabilidade e na missão”, finalizou.