Nutricionista explica que a alimentação exerce influência direta sobre os principais fatores de riscos para a trombose e pode ajudar a prevenir a doença
Kelen Galvan
Da redação

A saúde cardiovascular e a boa circulação sanguínea são favorecidas pelo consumo regular de alimentos ricos em compostos anti-inflamatórios, antioxidantes, fibras e gorduras saudáveis / Foto: shisuka via Canva Pro
A trombose é uma doença grave e que pode levar a complicações fatais se não for diagnosticada precocemente. Ela causa a formação de coágulos no sangue (trombos) que podem se formar em veias ou artérias, prejudicando o fluxo sanguíneo. A maior complicação é quando o trombo se desprende e viaja pela corrente sanguínea, pois pode causar outros problemas graves, como embolia pulmonar e infarto.
O Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, celebrado nesta terça-feira, 16, procura conscientizar a população sobre a doença e incentivar a adoção de medidas preventivas. Apesar de séria, esta doença pode ser evitada adotando alguns hábitos de vida saudáveis, como a prática de atividade física e até mesmo por meio de uma alimentação saudável.
“Embora fatores genéticos e clínicos sejam determinantes importantes, a alimentação exerce influência direta sobre os principais fatores de risco para trombose”, afirma a nutricionista Vitória Gontijo.

Vitória Gontijo / Foto: Arquivo Pessoal
Ela explica que uma alimentação equilibrada pode auxiliar na prevenção de trombose ao contribuir para o controle de diversos fatores de risco, como obesidade, hipertensão arterial, dislipidemias, resistência à insulina e processos inflamatórios crônicos.
“Diversos estudos mostram que padrões alimentares saudáveis, como a dieta mediterrânea e a dieta DASH, têm impacto positivo sobre a saúde vascular, reduzindo a agregação plaquetária, melhorando a função endotelial e promovendo a fluidez sanguínea. Portanto, embora a alimentação não elimine completamente o risco de trombose, ela pode contribuir significativamente para sua prevenção, especialmente quando associada a um estilo de vida ativo e acompanhamento médico”, enfatiza Vitória.
Alimentos indicados para o consumo
A especialista indica alguns alimentos que favorecem a saúde cardiovascular e a boa circulação sanguínea, por serem ricos em compostos anti-inflamatórios, antioxidantes, fibras e gorduras saudáveis.
Dentre os alimentos mais recomendados estão:
– Peixes (como salmão, sardinha e atum): são fontes de ácidos graxos ômega-3, que possuem efeitos anti-inflamatórios e antitrombóticos;
– Verduras de folhas verde-escuras (como espinafre, couve e rúcula): contêm nitratos naturais e micronutrientes que ajudam na regulação da pressão arterial e da coagulação;
– Frutas vermelhas (como mirtilo, amora e morango): ricas em antocianinas e flavonoides com efeito protetor sobre os vasos sanguíneos;
– Azeite de oliva extravirgem: fornece antioxidantes e ácidos graxos monoinsaturados, benéficos para a saúde endotelial;
– Oleaginosas (como castanhas, nozes e amêndoas): contêm vitamina E, magnésio e gorduras saudáveis;
– Chás naturais, como chá verde e chá de hibisco: fontes de compostos bioativos que contribuem para a redução da pressão arterial e melhora da circulação.
Além disso, ela enfatiza que a adoção de hábitos saudáveis, como atividade física regular, sono adequado e gerenciamento do estresse, também é essencial para a prevenção de doenças trombóticas.
Alimentos e comportamentos que aumentam riscos
Vitória Gontijo aponta que alguns alimentos e comportamentos aumentam o risco de doenças cardiovasculares e trombóticas. Ela indica que é importante evitar:
– Alimentos ultraprocessados, como embutidos, produtos industrializados ricos em aditivos e conservantes, e refeições prontas;
– Gorduras trans e saturadas em excesso, encontradas em frituras, margarina hidrogenada, fast food e alimentos industrializados;
– Açúcares refinados e bebidas açucaradas, que favorecem a resistência à insulina e a inflamação;
– Consumo excessivo de álcool, que pode interferir na função hepática e na coagulação;
– Hidratação inadequada, que pode favorecer o aumento da viscosidade do sangue;
– Sedentarismo, especialmente em contextos de imobilidade prolongada, como longas viagens ou jornadas de trabalho sentado.
Uso de anticoagulantes e vitamina K
Alguns pacientes, no tratamento de tromboses ou trombofilia, fazem uso de medicamentos anticoagulantes, como a “varfarina”. Neste caso, a nutricionista alerta sobre o consumo de vitamina K.
“Essa vitamina participa diretamente do processo de coagulação sanguínea, e sua ingestão em grandes quantidades pode reduzir a eficácia da medicação, aumentando o risco de eventos trombóticos”, explica.
Porém, segundo ela, o mais importante, nesses casos, não é excluir a vitamina K da dieta, mas manter uma ingestão constante e equilibrada ao longo do tempo. “O ideal é que esses pacientes sejam acompanhados por um nutricionista, que poderá orientar um plano alimentar individualizado, em conjunto com o médico responsável pelo tratamento anticoagulante”.
A vitamina K é essencial para a coagulação sanguínea e para a saúde óssea. Os principais alimentos ricos nesta vitamina são os vegetais de folhas escuras, mas também pode ser obtida, em menor quantidade, em frutas (como kiwi, abacate, figo, uva e ameixa), em óleos vegetais, soja fermentada, carne bovina, frango, queijos e ovos.
Trombofilia
A trombofilia é uma condição genética ou adquirida, na qual a pessoa tem maior propensão a desenvolver trombose. É uma doença silenciosa e pode se manifestar em diversas partes do corpo. Quase sempre o diagnóstico ocorre apenas depois de ter acontecido algum problema. O diagnóstico é feito a partir de exames de sangue específicos.
Na gravidez, a trombofilia pode colocar em risco a saúde da mãe, pode comprometer a gestação e gerar complicações como: deslocamento prematuro da placenta; insuficiência placentária; restrição de crescimento fetal; pré-eclampsia; eclampsia; abortos de repetição ou perda gestacional tardia; parto prematuro; embolia pulmonar materna, entre outros.
Vitória Gontijo destaca que, para o cuidado integral desses pacientes, é indicado um acompanhamento multidisciplinar, envolvendo médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde. E enfatiza que, além da alimentação, há diversas estratégias que podem contribuir para a redução dos riscos:
– Atividade física regular, com movimentação do corpo ao longo do dia;
– Hidratação adequada, para manter o sangue menos viscoso e favorecer a circulação;
– Manutenção do peso corporal saudável, especialmente com foco na redução da gordura abdominal;
– Controle de comorbidades crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia;
– Acompanhamento médico contínuo, com realização de exames periódicos e uso correto dos anticoagulantes, quando prescritos;
– Abandono do tabagismo, que é um fator de risco importante para doenças tromboembólicas.