Secretário de Estado do Vaticano espera que, após apelo do Papa, se evite “uma punição coletiva” no Oriente Médio, chegando a um cessar-fogo
Da Redação, com Vatican News

O Cardeal Parolin / Foto: Daniel Xavier
O secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, reiterou a posição da Santa Sé sobre a crise no Oriente Médio, lembrando o apelo do Papa Leão XIV e as declarações dos patriarcas da Terra Santa. Ele deu uma declaração à imprensa nesta quarta-feira, 27, à margem da missa que presidiu em memória litúrgica de Santa Mônica, na Basílica de Santo Agostinho em Roma.
“Gostaria de fazer referência ao apelo feito esta manhã pelo Papa durante a audiência geral, que contém precisamente a opinião da Santa Sé sobre a situação em Gaza”, explicou Parolin. Ele recordou como o Pontífice e os patriarcas greco-ortodoxo e latino pediram “o fim da guerra” e se pronunciaram “contra o deslocamento da população de Gaza”.
O cardeal destacou que “existem muitas soluções, soluções que podem realmente pôr fim a esta situação”, mas denunciou o peso dos interesses de natureza “política”, “econômica”, “de poder” e “de hegemonia” que impedem “uma solução humana para esta tragédia”.
Permanência em Gaza: ato de coragem
Quanto à proteção dos religiosos e fiéis em Gaza, Parolin relatou que “foi deixada liberdade diante da ordem de evacuação” do governo israelense. Ele se referiu ao relato do patriarca ortodoxo de Jerusalém, Teófilo III, de que ontem foi pedido aos fiéis da paróquia ortodoxa que “deixassem Gaza”.
“Cada um poderá decidir o que fazer”, disse o cardeal, precisando, porém, que “a escolha de permanecer é corajosa” e que não sabe “como isso poderá se concretizar se há essa ordem de evacuação” e “o controle total, em terra, do território”.
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Os sinais da diplomacia
No plano diplomático, o secretário de Estado do Vaticano confirmou estar “em contato com o governo estadunidense, por meio da embaixada”, e expressou o desejo de que as conversações internacionais que resultarão da visita do ministro das Relações Exteriores de Israel a Washington, Gideon Sa’ar, tragam sinais concretos. “Espero o que o Papa pediu, ou seja, que haja um cessar-fogo, que haja acesso seguro à ajuda humanitária, que se respeite o direito internacional humanitário – isso é fundamental – e que se evite uma punição coletiva”.
Por fim, sobre o risco de uma evacuação forçada da população de Gaza, Parolin reconheceu que, até agora, o governo israelense “demonstrou não querer recuar” dessa posição e que “talvez não haja muitas esperanças”, embora reitere a vontade da Santa Sé de “insistir” para que as coisas possam mudar.