Dados recente da CET revelam que a faixa azul contribui para a redução em 47% dos óbitos de motociclistas. Foram 36 óbitos em 2023 e 19 em 2024. Mas uma pesquisa que está sendo elaborada pela USP, junto com a Universidade do Ceará e o Instituto Cordial, chegam a conclusão de que ainda não é possível afirmar que a faixa azul reduz lesões e mortes no trânsito.
Reportagem de Natália Cassiano e Tiago Gualberto
Reduzir acidentes de trânsito, a principal meta da faixa azul feita para os motociclistas nas ruas de São Paulo. São 233 km de faixas em 46 vias da cidade. A companhia de engenharia de tráfego garante que o espaço exclusivo ajudou a reduzir em 47% o número de mortes na capital paulista. “Acho que não tenho história de um projeto com tanto êxito com relação à redução de acidentes e mortes. Acidentes fatais e não fatais. É um projeto que tem uma importância muito grande para todos, não só pros motociclistas, pros os motoristas em geral”, contou o presidente da CET, Milton Persoli.
Cidades como Santo André, Recife, Belo Horizonte, Distrito Federal também aderiram às faixas. Estudo da Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Ceará e Instituto Cordial, aponta que não dá para afirmar que a sinalização reduz lesões e mortes no trânsito.
“No grupo sem faixa azul, isso é em torno de um, em cada 10 motociclistas excedendo o limite de velocidade. Um comportamento bastante diferente e um comportamento que aumenta muito o risco de se envolver no sinistro. E se esse sinistro ocorrer, aumenta também a probabilidade dessa lesão ser mais grave”, explicou o diretor de vigilância e lesões no trânsito da Vital Strategies, Ezequiel Dantas.
O presidente da CET, Milton Persoli, diz que é preciso avaliar melhor os critérios da pesquisa. “Fizeram uma amostragem para trazer uma relação de velocidade média entre pontos de 50 motos. Nós temos 500.000 circulando nas faixas azuis. Tem algumas diferenças de metodologias, nos colocamos à disposição para que viessem até aqui a CT, para que a gente pudesse estabelecer e conhecer a metodologia que eles estão utilizando para trazer esses dados”.
Enquanto os estudos são confirmados, os motociclistas continuam a rotina pesada e difícil de cada dia na maior cidade do Brasil. E como são eles que vivem na prática a utilização do espaço, uma pergunta: o que eles têm a dizer da faixa azul? “Só de não ter o problema da dos carros trocando de faixa toda hora, fechando motoboy, é muito bom”, disse o motorista.
“Foi a melhor coisa que fizeram pro motoboy”, concluiu o cidadão.