A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que vai recorrer da decisão que decretou a prisão domiciliar do ex-presidente. Os advogados negam descumprimento das medidas cautelares, enquanto o ministro Alexandre de Moraes sustenta a violação das restrições do Supremo Tribunal Federal.
Reportagem de Aline Campelo, Sanny Alves e Ersomar Ribeiro
O ex-presidente Jair Bolsonaro deverá permanecer em sua residência em Brasília sem direito a visitas, exceto de advogados e pessoas previamente autorizadas. O uso de celular direto ou por intermédio de terceiros também está proibido. Além disso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou busca e apreensão de quaisquer aparelhos que estejam em posse de Bolsonaro.
“O ministro entendeu que houve um descumprimento de medidas cautelares, mais especificamente a utilização de redes sociais própria e de terceiros”, disse o advogado criminal, Amaury Andrade.
O motivo para a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi, segundo o ministro, a participação indireta do ex-presidente em uma manifestação realizada no Rio de Janeiro, no domingo, 3 de agosto. Durante o ato, o senador Flávio Bolsonaro colocou o pai no viva-voz e publicou a interação nas redes sociais.
Por meio do Departamento de Assuntos do Hemisfério Ocidental, o governo de Donald Trump condenou a determinação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. Em publicação na rede social X, o órgão também declarou que os Estados Unidos responsabilizarão todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas. A prisão ocorre às vésperas da sanção imposta à exportação de produtos brasileiros.
“Existe o elemento, um componente político dentro do tarifaço, que é justamente a questão da liberdade de expressão e da própria liberdade do ex-presidente Bolsonaro. O presidente Lula já declarou, inclusive hoje, que não tem mais motivos para entrar e ligar para o presidente Trump e que, ou seja, essa mesa de negociações tende também a ser muito mais estressante”, concluiu o cientista político, Alexandre Bandeira.
Desde a redemocratização, Jair Bolsonaro é o quarto ex-presidente brasileiro preso. Antes dele passaram por situações semelhantes Fernando Collor, Michel Temer e Luís Inácio Lula da Silva.