MÊS VOCACIONAL

"A vocação também é uma resposta nossa", frisa sacerdote

Igreja destaca as vocações durante o mês de agosto e, nesta segunda, 4, celebra o dia de São João Maria Vianey ressaltando a vocação sacerdotal

Fernanda Lima
Da Redação

Padre Eliomar Ribeiro / Foto: Arquivo Pessoal

Nesta segunda-feira, 4, celebra-se o dia de São João Maria Vianney, também conhecido como Cura d’Ars, o padroeiro dos sacerdotes. No mês de agosto, a Igreja Católica intensifica as suas preces pelas vocações e, nesta primeira semana do mês, especialmente as sacerdotais.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos. É, portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconato.

Padre Eliomar Ribeiro é sacerdote jesuíta, músico, compositor e mestre em Teologia Pastoral pela Universidade Salesiana de Roma. Atualmente, é Diretor Nacional da Rede Mundial de Oração do Papa (Apostolado da Oração e Movimento Eucarístico Jovem) e diretor-geral de Edições Loyola. Ele enfatiza que a vocação sacerdotal é uma resposta ao serviço para Deus.

“É uma resposta nossa a uma necessidade do tempo. Então, a Igreja sempre contou com esse ministério diaconal, presbiteral, episcopal, e nós, então, servimos como presbíteros. Essa resposta que nós damos para servir o povo de Deus, seja através dos sacramentos, da celebração dos sacramentos, seja também na orientação espiritual, ajudando os cristãos a encontrar a Cristo, encontrar a si mesmos, encontrar o seu lugar na Igreja, o seu lugar do mundo na sociedade”, salienta.

De acordo com padre Eliomar, o ministério sacerdotal enfrenta desafios frente ao contexto de sobrecarga emocional que a sociedade vive. Ele ressalta o grande desafio de tirar as pessoas de algumas ansiedades, sobretudo a espiritual, e como, muitas vezes, se criam esses problemas espirituais para as pessoas. “Por exemplo, falar de demônio em tudo, ver o diabo em tudo, uma homilia ou uma pregação falando sempre de inferno, ameaçando as pessoas. Isso acaba gerando ansiedade espiritual, isso acaba afastando pessoas da fé, isso acaba, muitas vezes, não ajudando as pessoas também a crescer na sua vida cristã”, ressalta.

Processo de discernimento

O sacerdote comenta que seu processo de discernimento ao sacerdócio começou bem cedo. “Com 12 anos de idade, recebi, na escola em que estudava, os missionários combonianos que falavam da missão na África. E aquilo me encantou muito. Depois, com 16 anos, novamente, depois de uma confissão que fiz com um padre jesuíta da minha cidade, lá no sul do Espírito Santo, ele me convidou para fazer o encontro vocacional”, recorda.

Padre Eliomar frisa que percebeu a sua vocação de uma forma muito natural. “Fui percebendo que podia alargar o horizonte, que podia servir a Deus, servir aos irmãos, além da minha cidadezinha pequenininha lá no sul do Espírito Santo. O discernimento, na verdade, é escolher. Escolher entre coisas boas. E eu confesso que escolhi entre coisas boas. Naquele momento da minha vida, pensava em continuar meus estudos, tornar-me advogado. Então, eu saí de casa com 20 anos de idade, entrei no noviciado da Companhia de Jesus e estou, já são 41 anos dessa aventura, onde eu me sinto feliz em servir ao reino de Deus”, sublinha.

Olhe para todas as possibilidades da vida

O religioso deixa sua mensagem para aqueles que também pensam em descobrir sua vocação na Igreja. “É sobre olhar todas essas possibilidades da vida, todas essas vocações e perguntar ‘minha vida vale a pena ser vivida como?’ Quero me casar, quero ser um religioso, um irmão ou uma irmã? Eu quero ser padre, eu quero ser um missionário?”, enfatiza.

Segundo padre Eliomar, não existe vocação instantânea, e ter um diretor espiritual faz toda a diferença nesse processo de discernimento. “Não existe vocação que o Espírito de Deus toca diretamente, e a pessoa já decidiu na vida. Não. A vocação, a vida toda, mas a vocação também é um processo. Processo é aquilo que é começo, meio e fim. Pense, reze, faça essa experiência de sentir-se plenamente amado por Deus, porque só assim nós podemos dar uma resposta de amor. A vocação é dom, e a vocação também é uma resposta nossa”, concluiu.

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