Entrevista

Bispo comenta papel dos missionários digitais na evangelização

Dia Mundial das Redes Sociais é celebrado em 30 de junho, ocasião que também propicia reflexão sobre a atuação missionária no ambiente digital

Da Redação

Foto: LaylaBird de Getty Images via Canva Pro

O fenômeno das redes sociais rapidamente mudou a vida das pessoas, influenciando até mesmo na prática da fé. Na cultura atual, a mídia e os missionários digitais também assumem papel importante na ação evangelizadora da Igreja.

Por ocasião do Dia Mundial das Redes Sociais, nesta segunda-feira, 30, a equipe do Canção Nova Notícias conversou com o bispo de Campo Limpo (SP), Dom Valdir José de Castro. Ele preside a Comissão para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e avalia este cenário que envolve a comunicação digital também na evangelização.

“Em um mundo digitalizado, em que cresce cada vez mais a presença da inteligência artificial, os missionários digitais têm esse papel de levar Jesus ali dentro, de testemunhar Jesus, e não só com palavras”, relata Dom Valdir.

Confira, abaixo, as reflexões do bispo a respeito na entrevista concedida à repórter Elane Gomes:

Dom Valdir José de Castro / Foto: Diocese de Campo Limpo

1- Como o senhor avalia o papel dos evangelizadores nos meios digitais na propagação do Evangelho também dentro da cultura midiática?

Penso que os missionários digitais têm um papel fundamental hoje no trabalho de evangelização da Igreja, porque ser missionário é estar em todas as frentes, em todas as realidades, sobretudo presenciais. Hoje as pessoas navegam pela internet, quantos milhões de pessoas não estão ali? Então, o evangelizador precisa estar ali também, porque a gente tem que chegar a todos com a Palavra de Deus, com o Evangelho. Em um mundo digitalizado, em que cresce cada vez mais a presença da inteligência artificial, os missionários digitais têm esse papel de levar Jesus ali dentro, de testemunhar Jesus. Têm essa bonita missão de anunciar Jesus e não só com palavras, mas também ter um comportamento cristão ali dentro, um estilo cristão, uma ética cristã, de modo que possam ser uma presença de Jesus vivo nesse ambiente.

2- Quais são os riscos e oportunidades dessa evangelização na internet? Há desde doutores, teólogos, até jovens que acabaram de começar uma caminha cristã e também estão ali na plataforma…

São tantas coisas, mas uma delas, que é muito importante, é que cada um possa levar para a Internet e evangelizar a partir do que de fato conhece. A gente vê bons evangelizadores no ambiente digital, isso é muito bom, pessoas que de fato dominam o assunto de que tratam, ou que fazem entrevistas, que trazem novidade. Mas às vezes a gente também encontra pessoas que estão iniciando, ou que não têm aquela formação teológica, bíblica, litúrgica e ficam falando do que não conhecem. E quem menos conhece ainda vai captar isso como verdade, como instrução. Então eu acho que há uma responsabilidade muito grande. E falo sempre: quando a gente estiver ali como igreja, como cristãos da Igreja Católica falando algo da Igreja, a gente precisa conhecer bem. Sim, a fé é importante, tudo parte da fé em Jesus para evangelizarmos, mas também precisamos ter conteúdo e que seja coerente, inspirado nos estudos.

3- Que dicas o senhor daria para quem busca/acessa os conteúdos católicos na internet?

Antes de tudo, partimos da liberdade que as pessoas têm de escolher: cada um escolhe quem quer seguir ou a reflexão que quer fazer, dependendo da proposta que o missionário digital está apresentando. Mas primeiro, a pessoa conhecer um pouco o Evangelho, a própria Igreja, como ela está organizada, como ensina, para ver se aquilo que a pessoa fala está adequado àquilo que é a caminhada da Igreja. Uma pessoa que está totalmente desinformada e acredita somente naquele missionário, ou no caso de um influenciador, essa pessoa vai ver o mundo não mais com os óculos dela, mas com os do outro. E isso é muito perigoso, porque aí é que acontecem as polarizações. Quem é cristão de verdade faz esse discernimento. Nós temos que ter o mínimo de conhecimento da nossa religião, quem se diz cristão católico, se não a gente vai aceitando e considerando verdade qualquer coisa que as pessoas digam e que a gente não tem conhecimento.

4- O Papa Francisco convidou os missionários digitais e os influenciadores para o Jubileu 2025, que estarão em Roma em julho, agora com o Papa Leão XIV. O senhor vai a este Jubileu? Qual o objetivo da Igreja chamando também estas pessoas nesse Ano Santo, dedicando um evento jubilar a elas?

Vai acontecer nos dias 28 e 29 de julho o Jubileu dos Missionários Digitais, um encontro internacional, onde eles vão renovar o compromisso de anunciar o Evangelho no ambiente digital e compartilhar as experiências nesse campo de evangelização. Serão dois dias em que participarão da Eucaristia, terão momentos de oração, farão peregrinação à Porta Santa, terão oficinas, momentos de estudo e reflexão sobre a questão do ambiente digital. Eu não estarei lá porque eu já estive no Jubileu do Mundo das Comunicações que aconteceu em janeiro, ainda com o Papa Francisco. Foi vontade do Dicastério da Comunicação fazer esse encontro especial para os missionários digitais, justamente vendo a importância que eles têm hoje no trabalho de evangelização da Igreja. É aquela busca de ajudar os missionários digitais a entenderem que eles também são chamados a comunicar a esperança, que é Jesus, o Evangelho.

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