Em discurso no Jubileu dos Bispos, o Pontífice descreveu traços indispensáveis na vida do pastor, que deve ser um homem de fé, de unidade e esperança
Da Redação, com Vatican News

Foto: Remo Casilli – Reuters
A agenda do Papa Leão desta quarta-feira, 25, está cheia de compromissos, entre eles o encontro com cerca de 300 bispos que participam do Jubileu. O grupo, após a peregrinação à Porta Santa da Basílica de São Pedro, participou de uma missa e depois ouviu o discurso do Pontífice, que começou agradecendo o empenho de todos em vir “como peregrinos a Roma” para se deixar “renovar profundamente” por Cristo e o “seu mistério de amor”.
Em seguida, o Santo Padre se deteve a descrever traços que devem ser seguidos pelos bispos, pastores que são exemplo pela palavra e pelo testemunho, que às vezes devem “ir contracorrente” para “proclamar que a esperança não engana” porque não vêm da humanidade, mas de Deus.
Traços que caracterizam os bispos
O pastor, reforçou o Papa, “é testemunha de esperança com o exemplo de uma vida firmemente ancorada em Deus e totalmente entregue ao serviço da Igreja”. E esse testemunho, explicou Leão, é caracterizado por alguns traços.
Primeiramente, ele frisou que “o bispo é o princípio visível de unidade na Igreja particular que lhe foi confiada” tendo como dever “zelar pela sua construção na comunhão entre todos os seus membros e com a Igreja universal, valorizando o contributo dos vários dons e ministérios para o crescimento comum e a difusão do Evangelho”. O bispo, considerando a sua vida de pastor, é um “homem de vida teologal”. O que equivale a dizer: um homem plenamente dócil à ação do Espírito Santo.
Com a intercessão do Espírito Santo, o bispo também “é um homem de fé”, continuou o Pontífice, “aquele que, pela graça de Deus, vê mais além, vê a meta e se mantém firme na provação”, assim como fez Moisés que, “chamado por Deus a conduzir o povo à terra prometida, «manteve-se firme»”.
Nessa mesma perspectiva, “o bispo é um homem de esperança”. Quando o caminho do povo se torna mais penoso, Leão XIV sublinhou que o pastor, pela virtude teologal, ajuda-o a não desesperar: não apenas com palavras, mas com a sua proximidade. “Quando as famílias carregam fardos excessivos e as instituições públicas não as apoiam adequadamente; quando os jovens se sentem desiludidos e nauseados por mensagens ilusórias; quando os idosos e os deficientes graves se sentem abandonados, o bispo está próximo e oferece não receitas, mas a experiência de comunidades que procuram viver o Evangelho na simplicidade e na partilha.”
Assim, o Papa ressaltou que a fé e a esperança do bispo se fundem nele “como homem de caridade pastoral”. Uma vida e um ministério, “tão diversificado e multiforme”, que encontra a sua unidade “na pregação, na visita às comunidades, na escuta dos presbíteros e dos diáconos, nas escolhas administrativas”, assim como dando “exemplo de amor fraterno” aos bispos próximos, aos colaboradores e sacerdotes em dificuldade ou doentes: “o seu coração é aberto e acolhedor, assim como a sua casa”.
As virtudes indispensáveis na vida do Pastor
Após abordar os traços caracterizados pelo “núcleo teológico da vida do pastor”, Leão XIV citou outras virtudes indispensáveis: a prudência pastoral, a pobreza, a continência perfeita no celibato e as virtudes humanas.
A prudência pastoral, começou explicando o Pontífice, é a sabedoria prática que guia o bispo nas suas escolhas, nas ações de governo, nas relações com os fiéis e as suas associações. “Um sinal claro de prudência é o exercício do diálogo como estilo e método nas relações e também na presidência dos organismos de participação, ou seja, na gestão da sinodalidade na Igreja particular”, como sempre insistiu o Papa Francisco.
Outra virtude do bispo, frisou Leão XIV, é viver “a pobreza evangélica”: “Ter um estilo simples, sóbrio, generoso, digno e ao mesmo tempo adequado às condições da maioria do seu povo. Os pobres devem encontrar nele um pai e um irmão, não devem sentir-se desconfortáveis ao encontrá-lo ou ao entrar em sua casa. Ele é pessoalmente desapegado das riquezas e não cede a favoritismos com base nelas ou noutras formas de poder.”
O Santo Padre comentou que juntamente com a pobreza concreta, o bispo também vive “aquela forma de pobreza que é o celibato e a virgindade por causa do Reino dos Céus”: “Não se trata apenas de ser celibatário, mas de praticar a castidade de coração e de conduta, vivendo assim o seguimento de Cristo e oferecendo a todos a verdadeira imagem da Igreja, santa e casta nos seus membros como na sua cabeça. Deve ser firme e decidido no tratamento das situações que possam dar origem a escândalos e de todo o tipo de abuso, especialmente contra menores, respeitando as disposições em vigor.”
O pastor também é chamado a cultivar outras virtudes humanas que ajudam no seu ministério e nas suas relações: a lealdade, a sinceridade, a magnanimidade, a abertura da mente e do coração, a capacidade de se alegrar com os que se alegram e de sofrer com os que sofrem; e também o domínio de si, a delicadeza, a paciência, a discrição, a grande inclinação para a escuta e o diálogo e a disponibilidade para o serviço.
Renovação da profissão de fé
Antes da bênção final e dos cerca de 300 bispos renovarem a sua profissão de fé, o Papa exortou a todos que sejam homens de comunhão e de unidade para ajudar as comunidades:
“Caríssimos, a intercessão da Virgem Maria e dos Santos Pedro e Paulo obtenha para vós e para as vossas comunidades as graças de que mais necessitais. Em particular, vos ajude a ser homens de comunhão, a promover sempre a unidade no presbitério diocesano, e que cada presbítero, sem excluir ninguém, experimente a paternidade, a fraternidade e a amizade do Bispo. Este espírito de comunhão encoraja os presbíteros no seu empenho pastoral e faz crescer a Igreja particular na unidade.”