Jovens profissionais estão em busca de reconhecimento, equilíbrio e vida com mais qualidade no trabalho
Reportagem de Francisco Coelho e Ersomar Ribeiro
Mais do que salário, jovens profissionais estão em busca de reconhecimento, equilíbrio e vida com mais qualidade no trabalho. Benefícios como folga no aniversário fazem parte do chamado “salário emocional”.
A gerente de contas Vanessa de Oliveira deixou a função em uma grande empresa para ter mais tempo com a família. No novo emprego, tem uma jornada flexível e uma líder que entende as necessidades dela para além do trabalho. “E eu não tinha esse tempo de qualidade, às vezes eu saía de casa, meus filhos estavam dormindo, eu voltava e eles já estavam dormindo. Então eu senti essa necessidade, até pela cobrança dos meus filhos, quando tinha uma apresentação, eu não conseguia ir, porque eu não conseguia essa liberação no trabalho”, contou.
Recém formada, a jovem veterinária Maria Gabrielly Macedo descobriu, na prática, que não era bem a carreira ideal para ela. Agora busca um emprego estável no serviço público. “A gente idealiza uma profissão, mas quando vai ver na prática, percebemos a realidade de uma outra forma”, declarou.
No passado, um emprego estável, um salário compatível com a função e o vale-transporte pagos em dia eram suficientes para agradar boa parte dos empregados. Hoje, isso já não basta para atrair os jovens. Eles querem mais: jornadas flexíveis, folga no aniversário, plano de carreira e reconhecimento.
Também da geração z, a diretora de estratégia Millena Campello decidiu deixar o trabalho com carteira assinada para abrir a própria empresa. Os desafios são muitos, mas ela se empenha em criar um ambiente de trabalho saudável para os colaboradores. “Não adianta você chegar ao topo de uma profissão, ser um profissional super competente, muito bem premiado, qualificado se você não esta bem consigo mesmo, se você tem problemas familiares, financeiros, ou problemas emocionais, então tentamos entender o todo para que essa pessoa consiga se desenvolver como ser humano”, explicou.
De acordo com dados do IBGE, os jovens com até 30 anos representam 23% da força de trabalho no país. Eles buscam carreiras que proporcionem mais tempo livre e benefícios além do valor financeiro. “Eles querem muito mais do que salário, e isso a gente entende capital, eles querem muito mais do que status, eles querem sentir prazer em realizar as atividades que eles são contratados para fazer”, concluiu o superintendente da Federação Brasileira de Associação Socioeducacionais de Adolescentes, Antônio Pasin.