INFLAÇÃO

Consumidor enfrenta desafios com aumento da cesta básica

Inflação no preço da cesta básica vem gerando vulnerabilidade aos cidadãos

Reportagem de Matheus Alves e Messias Junqueira

A cesta básica está em alta em 14 capitais do país, impulsionada pelas mudanças climáticas, pelo aumento no custo de produção, pela demanda interna e externa, pelas exportações em crescimento e pela redução da oferta de produtos. A população mais vulnerável enfrenta essa realidade com receio diante da inflação crescente.

Mãos de fiandeira costuram arte para superar o sufoco financeiro no fim do mês. Trabalho feito mesmo com um dos membros e os dois pés atrofiados, condição provocada pela Doença de Castleman, um tipo raro de câncer.” No começo foi duro, antes doía, mas agora, tiro de letra, faço qualquer coisa”, declarou a artesã, Vera Aparecida Maranhão de 64 anos.

Vera recebe o Loas, salário mínimo concedido pelo INSS para pessoas impedidas de trabalhar. Parte desse valor vai para a ajudante doméstica. Água, luz e internet consomem outra parte. Restam duzentos reais para a feira e demais necessidades. “Deus faz tudo, tudo, tudo que eu preciso, Deus faz por mim, se não fosse Deus, o que seria de mim? Eu quase morri no começo dessa doença, ninguém dava nada por mim, as pessoas achavam que eu iria morrer”, desabafou a artesã.

A cada dois meses, uma caixa com itens básicos de mercearia é entregue à artesã. “Essa cesta básica, eu não sei para os outros, mas para mim é essência, porque é o meu sustento”, finalizou Vera Aparecida.

O Cras é a instituição de referência assistencial. Em Guaratinguetá, um benefício eventual permite a distribuição de alimentos. “Nós temos um decreto municipal, 8049 de 2018 que ele prevê alguns benefícios eventuais, e dentro desses benefícios está a cesta básica”, explicou a assistente social, Fátima Aparecida Oliveira.

Quatorze de 17 capitais tiveram aumento no valor da cesta básica. São Paulo foi a capital com maior custo, seguida por Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre. Os dados foram divulgados pelo Dieese, órgão responsável pela pesquisa nacional da Cesta Básica de Alimentos. “Aumentou o salário mínimo, quando ele coloca o fundo de garantia. Agora como existe uma pouca oferta, uma oferta restritiva, as pessoas estão consumindo menos, eles recebem um aumento, eles vão ao supermercado”, apontou o economista, Márcio Meirelles.

No comparativo com 2024, o mês de março apresentou alta de 8,30%, acúmulo de 4,69% no trimestre. Tomate(25,91%), açúcar refinado(9,71%), feijão carioquinha(6,24%), arroz agulhinha(4,65%), café em pó(3,92%), farinha de trigo(0,44%) e manteiga(0,27%) compõem o corredor do preço alto. “Essa defasagem entre oferta e demanda, no Brasil é questionada a todo momento, o que gera essas dificuldades”, concluiu o economista.

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