No Dia Internacional do Esporte para o Desenvolvimento e pela Paz, um padre e um professor explicam como o espírito esportivo pode promover a união e a paz
Julia Beck
Da redação
Foto: matimix de Getty Images via Canva
O Dia Internacional do Esporte para o Desenvolvimento e pela Paz, celebrado neste domingo, 6, já foi alvo de reflexões do Papa Francisco. Em 2023, o Santo Padre expressou o desejo de que a data contribuísse para intensificar as intenções de solidariedade e as atitudes de amizade e de partilha fraterna. Em 2022, o Pontífice almejou que o esporte abrisse caminhos de harmonia entre os povos.
De fato, a prática de esportes contribui para o desenvolvimento de crianças, adolescentes, jovens, adultos e pessoas idosas. É o que acredita o assessor eclesiástico da Pastoral do Esporte da Diocese de Lorena (SP), padre Odirlei Fernandes. Segundo o religioso, esse desenvolvimento acontece também, e principalmente, no campo dos valores — tão desejados pelo Santo Padre.
“A prática de todos os esportes, mesmo os dados como individuais, leva a uma relação, a um contato com o outro. Existe uma comunicação, regras, regimentos, condutas, comportamentos e diálogo”, explica o sacerdote. Desse modo, o desenvolvimento se torna integral. A partir disso, padre Odirlei defende que o esporte pode e deve ser utilizado para promover o bem, a paz, as relações e os encontros.
Segurança e comunicação
Rodrigo Barreto de Melo /Foto: Arquivo Pessoal
O bacharel em Educação Física, Rodrigo Barreto de Melo, atua como treinador de futebol para crianças e define a atividade como uma “dádiva”. Melo frisa que os treinos proporcionam mais que fundamentos técnicos e táticos, tendo um papel essencial na formação dos pequenos.
Para que valores importantes sejam transmitidos, o técnico comenta a necessidade de estabelecer um ambiente em que as crianças se sintam seguras e motivadas, mantendo uma comunicação positiva e assertiva em momentos de erros e acertos.
“O esporte é uma ferramenta poderosa para ensinar valores para a formação da criança tais como: disciplina (para criar bons hábitos e compromisso com o treinamento), respeito (para conviver bem com o próximo e suas diferenças, respeitando regras, colegas e adversários), resiliência (para ensinar a lidar com derrotas e desafios) e trabalho em equipe (para compreender que resultado só vem com o trabalho coletivo)”, ressalta.
Em qualquer âmbito esportivo, a paz tem que prevalecer, acredita o técnico. Segundo ele, este é o espírito esportivo que cada atleta tem que carregar consigo.
Importância da família
Em um demonstrativo sobre a importância da união entre família e esporte, Rodrigo contou que os pais de seus alunos não só reconhecem a importância do futebol na formação dos filhos, como também colaboram com informações para acentuar a parceria.
O técnico de futebol destaca também que já ouviu relatos de melhoras significativas na alimentação, desempenho escolar e comportamento de seus alunos. “Pais, coloquem seus filhos no esporte com o intuito de eles aproveitarem daquilo que gostam para exercitar o corpo e a mente, aprender princípios e valores, socializar com o maior número de crianças”, convida Rodrigo.
O bacharel em Educação Física frisa que o sonho, desejo e a realização devem ser únicos e exclusivos das crianças. Pais e treinadores devem se preocupar em exercer cada qual um papel que lhe cabe para que a prática seja harmoniosa e positiva, acrescenta.
Pastoral do Esporte
Padre Odirlei Fernandes /Foto: Diocese de Lorena
Padre Odirlei relata que a Pastoral do Esporte surgiu com o intuito de a Igreja incentivar a prática do esporte, promovendo os valores da unidade, comunhão, respeito e paz. “Ela é uma resposta ao Papa Francisco, que sempre pede para nós uma ‘Igreja em saída’, que vai ao encontro das pessoas”, complementa.
“Tem alguns estados, algumas dioceses, que realizam trabalhos extraordinários, muito bons, que já têm várias iniciativas”, conta. No entanto, o sacerdote explica que essa pastoral é relativamente nova no país e ainda está na fase de organização. O primeiro “despertar” da Pastoral do Esporte, prossegue o assessor eclesiástico da Diocese de Lorena, foi realizado por ocasião, sobretudo dos Jogos Pan-americanos, em preparação para os Jogos Olímpicos. Ali a Igreja começou a se voltar para a realidade esportiva.
Na Diocese de Lorena, padre Odirlei esclarece que a Pastoral do Esporte começou a ser implementada de forma orgânica neste ano. “Temos um calendário de atividades para este ano. Inclusive, tem o jubileu dos esportistas. Todos os atletas estão convidados a participar do jubileu na Catedral de Lorena”, enfatiza.
O presbítero afirma ter um chamado muito especial para evangelizar: cuidar das pessoas de forma integral, tanto do corpo quanto da alma. “Salvar almas pelo esporte”, sublinha. Padre Odirlei é fundador da Associação Jesus na Quadra, projeto que já atendeu mais de 300 crianças.
