CATEQUESE

Entregue sua história a Deus e recomece a caminhada, exorta Papa

Francisco refletiu sobre encontro de Jesus com a samaritana à beira do poço no texto da catequese desta quarta-feira, 26

Da Redação, com Vatican News

Foto: REUTERS/Ciro De Luca

“Hoje refletimos sobre aqueles momentos em que parecia que Ele estava nos esperando ali mesmo, naquela encruzilhada da nossa vida”. Assim o Papa Francisco inicia a catequese desta quarta-feira, 26, na qual abordou o encontro de Jesus com a samaritana no poço (Jo 4,5-26).

O texto divulgado pela Santa Sé dá continuidade à etapa de reflexão “A vida de Jesus. Os Encontros”, inserida no ciclo de catequeses “Jesus, nossa esperança”, por sua vez relacionado ao Jubileu 2025.

No início de sua reflexão, o Pontífice destaca a surpresa que provavelmente a samaritana sentiu ao se deparar com Jesus. “Ela não esperava encontrar um homem no poço ao meio-dia; na verdade, ela não esperava encontrar ninguém. De fato, ela vai buscar água no poço numa hora incomum, quando está muito quente”, assinala.

Diante deste cenário, o Santo Padre sugere que aquela mulher talvez tenha vergonha de sua vida e se sinta julgada, condenada, incompreendida, levando ao rompimento da relação com os demais. Do outro lado da cena, ele aponta que Jesus poderia ter escolhido outro caminho para não atravessar a Samaria, mas decide passar por ali e parar naquele poço, naquela hora.

“Jesus nos espera e se faz encontrar justamente quando pensamos que para nós já não há esperança”, observa Francisco. Ele acrescenta que o poço, no antigo Oriente Médio, é um lugar de encontro, onde, às vezes, são arranjados casamentos. “Jesus quer ajudar esta mulher a entender onde procurar a verdadeira resposta ao seu desejo de ser amada”, completa o Papa.

Desejo de salvação

Na sequência, o Pontífice reflete sobre o tema do desejo, indicando-o como fundamental para compreender este encontro. Ele sublinha que Jesus é o primeiro a se expressar, pedindo à samaritana que o dê de beber. A sede dele, porém, não é de água, mas “da salvação daquela mulher”.

“Se Nicodemos fora ter com Jesus à noite, aqui Jesus encontra a mulher samaritana ao meio-dia, a hora em que há mais luz. É realmente um momento de revelação”, ressalta o Santo Padre. “Jesus dá-se a conhecer a ela como o Messias e também ilumina a sua vida. Ajuda-a a reler a sua história, complicada e dolorosa, de uma nova forma: teve cinco maridos, e agora está com um sexto que não é marido”, complementa.

Francisco pontua que o número seis não é aleatório – geralmente indica imperfeição. “Talvez seja uma alusão ao sétimo marido”, sugere, “aquele que poderá finalmente satisfazer o desejo desta mulher de ser verdadeiramente amada. E esse noivo só pode ser Jesus”.

Entregar a própria história a Deus

O Papa prossegue e destaca a mudança de assunto que a mulher propõe, abordando o atrito entre judeus e samaritanos. Esta, cita o Pontífice, é uma tentativa de criar uma “barreira de proteção”. Contudo, “o Senhor é cada vez maior, e àquela mulher samaritana, a quem segundo as normas culturais nem sequer devia ter falado, dá a mais alta revelação: fala-lhe do Pai, que deve ser adorado em espírito e verdade”.

Ao também revelar-se como o Messias, Jesus indica: “Aquele que estás à espera sou eu. Aquele que pode finalmente responder ao teu desejo de seres amada”. O Pontífice sinaliza que, a partir dessa experiência do amor de Deus é que surge a missão, e a mulher se apressa em chamar o povo da aldeia.

“Tal como uma pessoa apaixonada”, acrescenta o Santo Padre, “a samaritana esquece o seu cântaro aos pés de Jesus. O peso daquela ânfora na sua cabeça, de cada vez que regressava a casa, lembrava-a da sua condição, da sua vida atribulada. Mas, agora, o cântaro é colocado aos pés de Jesus. O passado já não é um fardo; ela está reconciliada”.

Da mesma forma, “para irmos anunciar o Evangelho, precisamos, primeiro, depositar aos pés do Senhor o peso da nossa história, entregar-Lhe o peso do nosso passado. Só as pessoas reconciliadas podem levar o Evangelho”, indica Francisco, que conclui:

“Mesmo que a nossa história pareça pesada, complicada, talvez até mesmo arruinada, temos sempre a possibilidade de entregá-la a Deus e recomeçar a nossa caminhada. Deus é misericórdia e espera-nos sempre!”

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo