Texto preparado pelo Papa foi publicado nesta quarta-feira, 19; desde a internação de Francisco no Hospital Gemelli de Roma, audiências foram suspensas e reflexões seguem sendo divulgadas
Da redação, com Vatican News

Foto: Jonathan Dick, OSFS na Unsplash
Nesta quarta-feira, 19, o Papa Francisco iniciou a etapa de reflexão “A vida de Jesus. Os Encontros” no ciclo de catequeses “Jesus, nossa esperança”, referente ao Jubileu 2025. Neste período, o Santo Padre explicou que serão contemplados alguns encontros narrados nos Evangelhos, a fim de compreender a maneira com a qual Jesus dá esperança. O primeiro a ser refletido é entre Cristo e Nicodemos.
“Há encontros que iluminam a vida e trazem esperança”, frisou o Pontífice. Como exemplo, ele citou pessoas que dão perspectivas diferentes de uma dificuldade ou um problema enfrentado; ou aqueles que simplesmente oferecem uma palavra de conforto e proximidade, afugentando a solidão do próximo. Francisco também falou sobre os encontros silenciosos, em que nada é dito, mas que ajudam o outro a retomar o caminho.
Nicodemos
O encontro de Jesus com Nicodemos, narrado no capítulo 3 do Evangelho de João, acontece em um horário incomum, à noite. Na linguagem de João, o Papa ressaltou que as referências de tempo geralmente têm um valor simbólico: “aqui, a noite é provavelmente a noite que está no coração de Nicodemos”. “Ele é um homem que se encontra na escuridão das dúvidas, naquela escuridão que experimentamos quando não entendemos mais o que está acontecendo em nossa vida e não vemos claramente o caminho a seguir. Se você estiver no escuro, é claro que buscará a luz”. Nicodemos, prosseguiu o Santo Padre, busca Jesus porque sentiu que Ele pode iluminar a escuridão de seu coração.
“Nicodemos não entende o que Jesus lhe diz porque continua a pensar com sua própria lógica e categorias. Ele é um homem com uma personalidade bem definida, tem um papel público, é um dos líderes dos judeus. Mas, provavelmente, as contas não fecham mais para ele. Nicodemos sente que algo não está mais funcionando em sua vida. Ele sente a necessidade de mudar, mas não sabe por onde começar”, apontou.
Capacidade de mudar
Em alguns momentos da vida, isso acontece com todos, disse o Pontífice. “Se não aceitarmos mudar, se nos fecharmos em nossa rigidez, nos hábitos ou nas nossas formas de pensar, iremos correr o risco de morrer. A vida está na capacidade de mudar para encontrar uma nova maneira de amar”.
Francisco contou que escolheu começar essa fase de reflexão com Nicodemos porque ele é um homem que, com a sua própria vida, mostrou que essa mudança é possível. Nicodemos conseguiu, afirmou o Papa. No final, ele estava entre aqueles que vão a Pilatos para pedir o corpo de Jesus (cf. Jo 19,39). “Nicodemos finalmente veio à luz, renasceu e não precisa mais ficar no escuro”.
Vencer o medo
“As mudanças, às vezes, nos assustam. Por um lado, elas nos atraem, às vezes, as desejamos, mas, por outro lado, preferimos permanecer nas nossas comodidades. É por isso que o Espírito nos incentiva a enfrentar esses medos”, exortou o Santo Padre.
Jesus recordou Nicodemos que também os israelitas tinham medo quando andavam no deserto. Eles se fixaram tanto em suas preocupações que, em algum momento, esses medos assumiram a forma de serpentes venenosas. Para serem libertos, eles tinham de olhar para a serpente de cobre que Moisés havia colocado em um poste, ou seja, tinham de olhar para cima e ficar diante do objeto que representava seus medos. Segundo o Pontífice, somente olhando diretamente para o que causa medo é que se alcança a libertação.
Francisco finalizou dizendo que “Nicodemos, como todos nós, poderá olhar para o Crucificado, Aquele que derrotou a morte, a raiz de todos os nossos medos. Levantemos também nós o olhar para Aquele a quem traspassaram, deixemos também nós sermos encontrados por Jesus. Nele encontramos a esperança para enfrentar as mudanças em nossa vida e nascer de novo”.